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Enquanto no Brasil o ano letivo é de 800 horas distribuídas em 200 dias, em alguns países da Europa, Ásia e até mesmo Amé­rica Latina, a jornada chega a 1,2 mil horas anuais, como no Méxi­co, ou 1,1 mil horas, como na Ar­­gen­tina. É o que apontou ontem o professor da Univer­sidade Católica do Chile, Sérgio Martinic, durante o congresso Educação: uma Agenda Urgente, em Brasília. Nesta semana, o ministro da Educação, Fernan­­do Haddad, anunciou que pretende ampliar o tempo de permanência do aluno na escola, mas ainda estuda se isso será feito pelo aumento do número de horas diárias ou dos dias letivos.

Martinic ressaltou, entretanto, que o tempo de permanência na escola não é determinante na melhoria da aprendizagem. O sucesso escolar também depende de outros fatores, como infraestrutura, formação do professor e tarefas desenvolvidas. Segundo ele, a Finlândia, que tem jornada diária de cinco horas e poucos dias letivos, tem melhores resultados em avaliações educacionais que a Espanha, que tem uma carga diária maior.

"Não se demonstra efetivamente que há uma relação estrita entre qualidade pedagógica e o tempo comprometido. O esforço tem que ser para que o tempo extra seja motivante e comprometa o aluno", disse Martinic, à Agência Brasil. Ele ainda chamou atenção para o fato de que o "tempo oficial" não é integralmente o "tempo da aprendizagem", já que parte dele é desperdiçada por problemas diversos.

Desafios

Os especialistas que participaram do debate defenderam que é necessária a ampliação da jornada no Brasil. Mas os gestores das redes de ensino lembraram que há dificuldades para cumprir a tarefa, inclusive físicas. Em muitas escolas, há oferta de dois turnos diários – matutino e vespertino –, o que dificulta a ampliação do tempo de permanência do aluno.

"A ampliação passa por resoluções de problemas que não são simples, como a merenda, o transporte escolar, o espaço físico e a questão de mais recursos humanos qualificados. A escola hoje tem novas demandas, mas está com o mesmo tempo do passado", disse a professora Yvelise Arco-Verde, professora da Universidade Federal do Paraná e ex-secretária de Educação do Paraná.

O ex-prefeito de Apucarana, Valter Pergorer, relatou a experiência do município. A cidade, segundo ele, conseguiu implantar educação em tempo integral para 100% da rede pública. A ampliação foi possível porque a prefeitura contou com a parceria de organizações da sociedade civil, como clubes, igrejas e grupos culturais, para que fossem oferecidas atividades aos alunos da rede no turno contrário ao das aulas.

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