• Carregando...
Pretinho está recebendo tratamento e a infecção já foi controlada | Dilvulgação/SPAC
Pretinho está recebendo tratamento e a infecção já foi controlada| Foto: Dilvulgação/SPAC

Protesto

Sobre os maus-tratos em empresas de segurança que alugam cães, está prevista uma manifestação na frente da Prefeitura de Curitiba, no dia 20 de julho, às 12h30.

"A ONG (Organização Não Governamental) SOS Bicho vai fazer a manifestação para pedir a proibição das atividades de empresas de cães de aluguel em Curitiba. A SPAC e outras entidades ligadas aos animais, assim como membros da sociedade também vão participar", explicou Soraya Simon.

O dito popular que o cão é o melhor amigo do homem não está sendo respeitado em Curitiba e região metropolitana. Pelo menos em alguns casos, que não são poucos, segundo denuncia a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC). Há duas semanas a entidade recebeu mais um caso grave de maus-tratos contra animais.

Um cachorro preto, sem raça definida (popular vira-latas), de porte pequeno, foi encaminhado para a SPAC com as extremidades das patas traseiras amputadas. "Pretinho" como está sendo chamado pelas veterinárias, em razão da sua aparência física, foi encontrado por uma mulher ao lado da linha de trem em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba. Existe a suspeita que o cão tenha sido amarrado junto ao trilho do trem, em razão da amputação ser no mesmo local nas duas pernas.

"Ele deve ter sido amarrado nos trilhos do trem, pois se tivesse sido atropelado, o cachorro teria sido atingido pela frente. Só imaginamos o que aconteceu, pois não houve testemunhas e não temos como provar", afirmou a vice-presidente da SPAC, Soraya Simon.

A suspeita é reforçada porque não foi um fato isolado. "Há cerca de um mês aconteceu a mesma coisa com um cão pastor alemão, mas como ele há três dias estava ao lado do trilho do trem, as feridas já estavam necrosando. O animal teve que ser sacrificado", lamentou Soraya.

A vice-presidente da Sociedade Protetora acredita que existam pessoas que estão amarrando cães nos trilhos do trem, pois já recebeu essa informação, porém, não há como provar. Ela pede que quem presenciar casos de maus-tratos denuncie: "Assim podemos impedir que novos casos venham a acontecer", orientou.

De acordo com Soraya, não são apenas desconhecidos que cometem barbaridades contra os animais. "Na maior parte dos casos de violência contra animais, nós não sabemos de onde vêm os bichos, mas existem casos em que o próprio dono espanca o animal", denunciou. "As pessoas acham que não é crime cometer maus-tratos contra animais".

Segundo a vice-presidente da SPAC, o crime de maus-tratos está previsto na lei de crimes ambientais, número 9605/98. A pena pode variar de 3 meses a 1 ano. A punição pode ser aumentada de 1/6 a 1/3 em caso da morte do animal. São vários os tipos de maus-tratos contra os animais, de acordo com Soraya. "Existem pessoas que colocam bombinhas nos cachorros, queimam ou não tratam dos ferimentos, que também é considerado maus-tratos. Precisamos de políticas públicas para controlar a superpopulação de animais. Como castrações dos bichos e conscientização permanente da população. O cão não chega à rua por acaso. Isso acontece porque, por algum motivo, alguém o abandonou", afirmou.

Para fazer denúncias contra maus-tratos, a pessoa precisa ir pessoalmente à Delegacia do Meio Ambiente. O telefone da delegacia é 3356-7047. O contato da SPAC é 3256-8211, onde as pessoas também podem fazer denúncias. Além disso, na SPAC quem entrar em contato também poderá adotar o "Pretinho", que está em tratamento e precisa de um novo lar.

Cirurgia

Segundo a veterinária Denize Cotin Barbosa, que atendeu o Pretinho, está sendo confeccionada uma cadeirinha para o cachorro usar. "Precisamos ver se ele vai se adaptar, caso isso não aconteça será feito o mesmo tipo de cirurgia do cão Falcão, com as pernas sendo amputadas bem no alto", explicou a veterinária.

O cão está recebendo tratamento e a infecção já foi controlada. As feridas também estão cicatrizando. "Estamos cuidando do cachorro para ele ser adotado. A recuperação dele vai depender de quem ficar com o cão", definiu a veterinária.

O caso do cão Falcão, citado por Denize, também chamou a atenção da imprensa e da sociedade. O lavrador Claudinei Slompo Viana, de Bocaiúva do Sul, região metropolitana, mutilou duas patas traseiras do cão Falcão, após o cachorro ter atacado uma galinha no quintal da chácara onde vive. O lavrador foi condenado a pagar multa de 10 salários mínimos.

Cães de aluguel

Muitas pessoas também reclamam de maus-tratos cometidos por empresas de segurança, que contratam cães para fazer a vigilância.

O Ministério Público do Paraná também investiga esses possíveis casos de maus-tratos com os cães de aluguel. Segundo a Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente de Curitiba, várias denúncias chegam todos os dias sobre maus-tratos praticados contra cães de grande porte que são alugados ou até mesmo cedidos para fazer a guarda de residências, construções e terrenos baldios.

Na maioria das vezes, são os vizinhos desses locais que reclamam da falta de cuidados com os animais. Há relatos, por exemplo, de cães que recebem alimentação e água de seus proprietários apenas uma vez por semana e que não têm sequer abrigo para se proteger do sol e de chuva.

Reclamações de maus-tratos como estas levaram o MP do Paraná a propor, ainda em 2005, três ações civis públicas contra empresas de locação de cães. Mas não são apenas as empresas que podem pagar o preço pelo descaso com os animais. O médico veterinário que trabalhava para a empresa de locação e permitiu os maus-tratos sem que tivesse denunciado, assim como a Prefeitura de Curitiba, pelo fato de ter concedido o alvará para funcionamento da empresa de locação, sem ter fiscalizado a questão dos maus-tratos.

O outro lado

Para o dono da empresa Feroz Cães de Guarda, Jair Pereira de Souza Pinto Junior, o que está acontecendo é uma grande polêmica em volta das empresas que alugam cães para segurança.

"Tenho cerca de 600 cães trabalhando em Curitiba, não tenho animais imortais. Eles ficam velhos e acabam morrendo. Recebemos denúncias de todos os tipos, os vizinhos acham que o cachorro está com unha encravada e não pode trabalhar", explicou o empresário.

Quanto a água e a comida que são dadas para os cães, Jair Pereira também tem uma explicação. "A comida e a água não ficam à mostra para a população. Estão querendo tomar uma decisão muito radical de abacar com as empresas de cães de aluguel. Então que regulamentem o nosso serviço. É preciso menos polêmica e mais ação. Só conversando haverá o entendimento", definiu Jair.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]