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Mais um cubano deixou o programa Mais Médicos, uma das vitrines do governo federal na área da Saúde. Rosa Maria Rabeiro Gonzalez, que atuava em Macururé, no interior da Bahia, abandonou o posto de trabalho em novembro do ano passado. Depois que o município detectou a ausência da profissional no posto onde estava alocada, o Ministério da Saúde foi acionado. A pasta notificou Rosa Maria para apresentar justificativa em relação à ausência, mas não obteve retorno. Nesta segunda-feira, ela foi desligada oficialmente do programa, tornando-se a 40ª médica cubana a deixar o projeto — o que representa, segundo o governo, apenas 0,3% dos mais de 11 mil profissionais do país atuando no Mais Médicos.

O Ministério da Saúde não soube informar se a médica retornou a Cuba ou se deixou o Brasil como desertora. Explicou apenas que, depois de o registro do profissional que abandona o programa ser cancelado, como ocorreu com Rosa Maria, não há qualquer ligação entre o governo e o médico. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que participa do termo de cooperação para viabilizar a vinda dos cubanos, não retornou o contato do Globo, que também tentou contato com a médica, sem sucesso. Hoje, o Mais Médicos está presente em 3.785 municípios, conta com quase 15 mil profissionais que atendem 50 milhões de pessoas, de acordo com o balanço mais atualizado do governo.

Este ano, houve novas contratações para o Mais Médicos. Nas duas primeiras chamadas do programa, foram 4.146 vagas oferecidas em mais de 1.200 municípios. Os brasileiros respondem por mais de 90% dos postos preenchidos. Essa é uma mudança significativa em relação ao perfil dos profissionais do programa. Quando foi lançado, em 2013, a participação era maciça de cubanos. Hoje, eles representam cerca de 80% dos médicos em atuação. O objetivo do governo é chegar a 18.200 profissionais até o fim do ano.

A presença de cubanos no Mais Médicos colocou o programa no centro de acalorados debates. Entidades de classe, como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e políticos da oposição classificaram a vinda dos médicos de Cuba como exploração do trabalho escravo. Isso porque enquanto profissionais da ilha ganhavam US$ 400, cerca de R$ 950 à época, médicos de outras nacionalidades recebiam R$ 10 mil por mês. Durante a campanha eleitoral, o presidenciável Aécio Neves (PSDB) fez críticas ao governo por não pagar o salário integral aos cubanos.

O governo brasileiro justificou que os valores eram referenciados pelo acordo de cooperação intermediado pela Opas. Mas interveio nos termos da negociação para aumentar o valor recebido pelos profissionais no Brasil, que saltou para US$ 1.245. O reajuste se deu depois de desistências dos profissionais.

A primeira cubana a abandonar o Mais Médicos, em fevereiro do ano passado, foi Ramona Rodriguez. Ela alegou ter sido enganada pela iniciativa, reclamando da diferença de salário em relação aos colegas de outras nacionalidades. As entidades de classe reclamam ainda da dispensa de revalidação do diploma para médicos atuarem no programa.

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