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Mallet, no Sul do estado, é dividida entre abundância e escassez. De um lado, uma fonte natural faz jorrar 14 mil litros por hora. A três quilômetros dela, água racionada. Em cada um dos extremos, um Luís: o Cezar Abib é gerente do Hotel Estância Hidromineral Dorizzon (conhecido por suas águas sulfurosas); o Carlos Stempaski é fumicultor da Serra do Tigre e diariamente luta para garantir o abastecimento de sua propriedade.

Na área de Luís Abid, o abastecimento é feito por duas fontes naturais. A mais antiga, descoberta em 1935, é pequena (500 litros/hora) e serve basicamente para entreter os hóspedes. A outra, aberta em 1997, é a que abastece toda a estrutura do hotel, que ocupa área de dez alqueires. O poço capta água a 100 metros abaixo da terra. Os hóspedes brincam a vontade com a água. O hotel utiliza apenas 10% do potencial da fonte e agora está fazendo doação diária de cerca de dez mil litros para a vizinhança.

Já na pequena propriedade do Luís Stempaski, até a água dada aos cavalos é controlada. Os animais bebem no balde. Uma única fonte de água, na propriedade vizinha, abastece a propriedade do fumicultor e de mais três casas. Um pequeno descuido de um dos quatro prejudica a cadeia de abastecimento. Na quarta-feira passada, Stempaski esqueceu a mangueira ligada cinco minutos a mais do que o de costume para encher o tanque onde ficam as mudas de fumo. Foi o suficiente para o vizinho de cima ficar sem água por mais de três horas.

A preocupação do fumicultor aumenta a cada dia sem chuva. As 40 mil mudas que já germinaram agora crescem num tanque, que precisa ser abastecido diariamente com 200 litros de água. Caso contrário, o risco de perdê-las é enorme. As mudas estarão prontas para serem plantadas por volta do dia 10 de setembro, até lá, não há o que fazer, a não ser esperar pela chuva.

A cerca de 500 metros da casa de Stempaski mora a agricultora Tereza Kazan, de 66 anos. A reportagem da Gazeta do Povo a encontrou carregando dois baldes e um regador vazios, vindo de uma fonte da roça. "Agora é assim, água é só quando tem", disse. E para esse "quando tem" não há horário nem dia certos. Por isso ela anda diariamente cerca de duas horas na tentativa de voltar com os baldes cheios. A água que ela consegue para o próprio consumo fica guardada em vasilhames em cima da pia. Já a para o consumo dos quatro cachorros e para os dois cavalos fica em bacias, no lado de fora da casa.

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