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A Secretaria de Estado da Educação e a APP-Sindicato divergem quanto à adesão ao movimento de redução da jornada de trabalho realizado ontem pelos professores das escolas públicas estaduais, para pressionar o governo a conceder reajuste salarial aos docentes. A intenção inicial da entidade que representa a categoria era que todos os 56 mil professores da rede encurtassem as aulas de 50 para 30 minutos, atingindo assim os 1,4 milhão de estudantes dos 2,1 mil colégios estaduais.

De acordo com a APP-Sindicato, 80% das escolas reduziram o tempo de aula e promoveram debates com a comunidade. A entidade, que não fez um levantamento por município, chegou ao índice com base em depoimentos recebidos pelos dirigentes. Já a Secretaria de Estado da Educação informa que a adesão foi de 45% no período da manh㠖 com base em relatórios enviados pelos núcleos regionais. Até o fechamento desta edição os números relativos ao período da tarde ainda não haviam sido contabilizados.

Na capital, segundo os números da Secretaria, apenas 29% das 168 escolas da rede estadual aderiram à paralisação parcial. "Muita gente tem medo de ser punido e acaba não entrando no movimento", afirmou o presidente da APP-Sindicato, José Lemos. Cada escola definiu sua própria tática de manifestação. No Colégio Estadual do Paraná foram ministradas as três primeiras aulas do dia, com a duração normal de 50 minutos cada. Depois disso, os alunos foram liberados.

Já as escolas Santa Cândida e Lysimaco Ferreira da Costa resolveram acatar a sugestão do sindicato. Realizaram cinco aulas, mas com o tempo reduzido para 30 minutos cada uma. Na Pedro Macedo, que também seguiu este esquema, pais e professores debateram o tema da pauta de reivindicações na própria instituição.

No Colégio Estadual Brasílio de Castro o dia de aula ontem foi normal para os 2, 2 mil alunos do ensino fundamental, médio e técnico. De acordo com o diretor-auxiliar, Renaldo Landal, os professores decidiram não aderir à mobilização.

Manifestação

Em algumas escolas da região central e norte de Curitiba, além da paralisação parcial, os professores foram às ruas. No final da manhã, cerca de 60 manifestantes saíram da Praça Santos Andrade em direção à Boca Maldita, local onde se encontravam mais 60 pessoas. O trajeto foi repetido no fim da tarde por 130 manifestantes.

As colegas de classe Caroline Camargo, Kelly Ramos, Elaine dos Santos, Bárbara Pereira, Talita Pinheiro e Francine Lahud, estudantes do segundo ano do ensino médio do Colégio Estadual, resolveram sair às ruas para apoiar os professores. "Essa reivindicação é para nós também, isso ajuda a motivá-los, estamos perdendo muitos professores bons para colégios particulares", disse Caroline, de 15 anos.

O baixo salário de ingresso, de R$ 515 para 20 horas de trabalho, é motivo para que alguns deles pensem em desistir da profissão. É o caso do professor do Colégio Estadual do Paraná Jairo Bastos, 28 anos, que deve deixar as salas de aula antes de completar dois anos de carreira. Bastos tem de realizar diversos serviços para complementar a sua renda e conseguir pagar o seu curso de Mestrado. Os professores querem um aumento de 56,94% dos salários.

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