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Icaraíma – Cerca de 200 ex-moradores do Parque Nacional de Ilha Grande, na divisa do Paraná com Mato Grosso do Sul, impediram ontem o tráfego na ponte PR-MS, sobre o Rio Paraná, entre 7 e 12 horas. Eles ocupam a Ilha Bandeirantes, em Alto Paraíso, desde domingo. Os manifestantes querem forçar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a apressar o pagamento de indenizações para aproximadamente mil famílias que viviam em Ilha Grande.

Os antigos moradores da região tiveram que deixar o arquipélago em 1997, para a criação do parque nacional, que ocupa 78 mil hectares da reserva entre Icaraíma e Guaíra. Segundo o superintendente do Ibama no Paraná, Marino Gonçalves, o pagamento das indenizações está previsto para começar no fim deste mês. "O grupo de manifestantes é mal intencionado, pode ser processado e ainda ficar fora das indenizações", diz ele.

O presidente da Associação dos Ilhéus Atingidos pelo Parque Nacional de Ilha Grande (Apig), Eduardo Ortt, afirmou que a partir de hoje os trabalhadores começam a roçar a vegetação nativa da Ilha Bandeirantes, a segunda maior ilha do parque, com cerca de 6.400 hectares. Eles pretendem plantar mandioca e feijão na área de preservação ambiental. "As árvores maiores vamos cortar pra construir casas", afirma.

Ortt avisou que outros protestos na ponte deverão ser realizados nesta semana. Segundo ele, uma manifestação em Curitiba está sendo preparada para os próximos dias. O grupo quer receber R$ 10 mil por hectare da terra que foi titulada no começo dos anos 80.

Os manifestantes reclamam da demora para receber a indenização. Ortt diz que possuía quase 100 hectares de terra e perdeu tudo com a desapropriação. Outro participante do movimento, Lício Luiz de Araújo, 71 anos, teve titulados 66 hectares na Ilha Grande. "Lá eu criei meus 11 filhos e a gente tinha fartura. Hoje vivo de favores e não tenho dinheiro nem para o remédio."

Programação

Enquanto prepara o pedido de reintegração de posse, o Ibama informou que o processo de regularização fundiária do parque está na última fase. Até o fim de março, o órgão pretende fazer uma reunião com o grupo que não participa da ocupação do parque para definir quem recebe as primeiras indenizações.

O superintendente do Ibama disse que o levantamento da área já foi feito pelo órgão e pelo Incra, porém não revelou o valor que será pago por hectare. Segundo ele, os os ex-ilhéus terão a opção de comercializar suas terras diretamente com os produtores rurais. Quem não conseguir um comprador terá a indenização paga pelo Ibama, explica Gonçalves.

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