Brasília O ministro Guido Mantega (Fazenda) considerou haver exagero na estimativa, divulgada na quarta-feira pela Secretaria de Direito Econômico, de que o setor público tem prejuízos de R$ 40 bilhões anuais com licitações para obras e compras de bens e serviços. "A secretaria fez uma projeção, como um economista faz e pode errar. Não é um dado preciso. Você nunca pode dizer com certeza qual é o nível de corrupção."
O ministro duvidou que os números cheguem a valores tão altos. O governo, argumentou, não tem mais que R$ 20 bilhões disponíveis no Orçamento para obras, e as compras de bens e serviços são cada vez mais feitas por meio eletrônico, e não pelas licitações tradicionais.
Em sua estimativa, a SDE trabalhou com um total de obras e compras feitas por União, estados e municípios de R$ 300 bilhões, ou 14,5% do PIB. Um terço desse valor, avalia a secretaria, envolveria mercados dominados por poucas empresas, o que facilitaria a formação de cartéis. Sobre esses R$ 100 bilhões, a SDE estimou a aplicação de sobrepreços entre 25% e 40%, o que resulta no número final obtido.
A presidente da agência de classificação de risco Standard & Poors no Brasil, Regina Nunes, considera que os casos de corrupção no país podem atrasar a elevação da nota do Brasil para "grau de investimento". Entretanto, ela avalia que o fato de os escândalos de corrupção virem à tona representa também um maior grau de transparência no governo, o que pode inibir eventuais crimes. "Se o Brasil conseguisse resolver esse tipo de problema (corrupção), provavelmente ele aceleraria sua chegada ao "grau de investimento" e deixaria de desperdiçar a arrecadação que é feita."
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