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Ministério Público sofre do mesmo mal

O Ministério Público (MP) Estadual sofre do mesmo mal que afeta a Vara de Inquéritos Policiais, porque a estrutura da promotoria na área é reduzida. A informação é da promotora de Justiça Cynthia Maria de Almeida Pierri. "A equipe que atua nos casos de suspeitos que estão soltos tem três promotores. Mas são necessários cinco profissionais para dar conta do serviço", diz.

Segundo Cynthia Pierri, em razão do excesso de serviço, a partir deste mês, os promotores vão priorizar os inquéritos concluídos. "Nos demais casos, o MP só vai concordar com a dilação de prazo."

Nas atuais condições, cada um dos três promotores manuseia cerca de 1,5 mil inquéritos por mês, seja para se manifestar sobre pedidos de dilação de prazo, seja para oferecer denúncia, solicitar novas diligências ou para mandar o inquérito para o arquivo. Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, o Tribunal de Justiça informou que não se manifestaria sobre o assunto por enquanto.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informa que a remessa de inquéritos para solicitar dilação de prazo não atrapalha as investigações. "Na maioria dos casos não há prejuízo, já que o delegado pode continuar suas investigações, independentemente de onde esteja o inquérito." A Sesp informa ainda que a Corregedoria acelera o envio, variando de dois a três dias para que o inquérito seja remetido para a VIP ou para o Ministério Público. (JNB)

O coração da investigação criminal de Curitiba está prestes a enfartar por falta de estrutura, espaço físico, funcionários e condições de trabalho para fiscalizar cerca de 39 mil inquéritos policiais, número que deve chegar a 50 mil até o fim do ano. A Vara de Inquéritos Policiais (VIP) de Curitiba, famosa por ser o braço da Justiça em grandes operações policiais nacionais, estaduais e locais, trabalha além do limite. A conseqüência do excesso de trabalho, pelo volume de inquéritos, é a prescrição de muitos delitos e a impunidade para criminosos.

A VIP surgiu há cerca de três anos, na esteira da antiga Central de Inquéritos. Hoje, ela atende aos 13 distritos policiais da capital, 19 delegacias especializadas, a Polícia Federal, o Ministério Público Estadual, o distribuidor criminal e tudo que envolver crime na alçada da Justiça Estadual. Mas o que falta para ela cumprir a sua missão social? Falta exatamente estrutura, funcionários e mais um juiz para dar expediente todos os dias.

A VIP recebe diariamente inquéritos policiais instaurados na capital, com pedidos de dilação de prazo para terminar as investigações. Existem ainda as chamadas medidas cautelares – como prisões temporária e preventiva, quebras de sigilo telefônico, bancário e fiscal – e outros serviços, como o plantão judiciário, feito por outros funcionários. Mas sua competência não se esgota aí.

A Vara de Inquéritos Policiais também recebe pedidos de direito de resposta previstos pela Lei de Imprensa. Entre as famosas operações policiais está a que mandou fechar os bingos em Curitiba, enquanto imperava no país a farra das liminares investigadas recentemente pela operação Furacão.

No limite

Segundo Inaura Martins, responsável pela Vara de Inquéritos Policiais, o cartório que decide sobre as grandes operações pode ter seu espaço físico saturado nos próximos dois anos. "São movimentados cerca de 500 inquéritos por dia", informou. A vara não tem mais lugar para guardar inquéritos, arquivá-los ou para depositar objetos apreendidos. Atualmente, ela ocupa um andar no Fórum Criminal de Curitiba, mas o espaço não é suficiente.

Além disso, falta mão-de-obra especializada para limpar algumas prateleiras lotadas. Uma delas tem cerca de dois mil inquéritos parados há cerca de dois anos. "Na pilha estão casos em que o Ministério Público solicitou documentos necessários para verificar se já houve prescrição antecipada", explica Inaura.

O juiz Pedro Luís Sanson Corat, titular da VIP, afirma que o ideal seria ter "dois juízes fixos, mais estrutura e funcionários, ou criar mais uma Vara de Inquéritos Policiais para Curitiba". Já Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, que atua como juiz substituto no Fórum Criminal e despacha na VIP, ressalta que "mesmo com todo o serviço que envolve réus presos e pedidos de liberdad, o despacho é feito em 24 horas, sempre em dia".

Apesar da sobrecarga de serviço, muitos delegados só têm elogios ao trabalho "abnegado" dos funcionários, estagiários e juízes da Vara de Inquéritos Policiais. "Eles estão fazendo além do possível", diz Miguel Stadler, titular do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Já o delegado Marcus Vinícius Michelotto, titular da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, afirma que os servidores se "desdobram" e que "precisariam de pelo menos o triplo da estrutura para atender à demanda".

Dez anos

Entre os cerca de 39 mil inquéritos estão casos antigos e não terminados, alguns da década de 90, como um investigado há quase dez anos pelo 3.º Distrito Policial. Ele apura os crimes de pirataria, violação de direitos autorais e sonegação fiscal, a partir da apreensão de quatro mil fitas cassetes (a metade é virgem) no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, em 1998. Segundo o delegado-adjunto Celso Neves, a investigação continua porque o Ministério Público solicitou novas diligências para localizar o produtor das fitas.

Nos quase dez anos, o inquérito continua sendo enviado regularmente à Vara de Inquéritos Policiais para solicitar novos prazos. Segundo informações do 3.º Distrito Policial, o inquérito acabou de voltar da VIP, mas terá de retornar, porque o escrivão que atua no caso está em férias.

O caminho dos inquéritos para pedir dilação de prazo é o seguinte: os documentos saem da delegacia, vão para a Corregedoria da Polícia Civil, seguindo à Vara de Inquéritos Policiais, que os repassa ao Ministério Público Estadual, voltando à Vara de Inquéritos Policiais. Na volta para a delegacia, os inquéritos passam de novo pela Corregedoria. O vaivém demora uma semana, em média. No caso do inquérito da pirataria há um agravante – as fitas apreendidas ocupam cerca de 20 caixas e dividem espaço com centenas de objetos, 700 armas e outras provas apreendidas de investigações policiais.

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