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Marcha pela liberdade de expressão nas ruas de Curitiba: sem confrontos | Walter Alves/Gazeta do Povo
Marcha pela liberdade de expressão nas ruas de Curitiba: sem confrontos| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
  • Cenas de um protesto nas escadarias da UFPR

Cerca de 200 pessoas participaram ontem no Centro de Curitiba de uma passeata defendendo a liberdade de expressão. O grupo organizaria a Marcha da Maconha, mas a manifestação mudou de foco depois de ser proibida judicialmente na capital paranaense. Diferentemente do que ocorreu no sábado em São Paulo, a marcha transcorreu com tranquilidade no Paraná, sem confrontos entre policiais e manifestantes.

Os participantes se reuniram por volta das 15 horas na Praça Santos Andrade e seguiram até a Boca Maldita. No local, o grupo parou em frente a um módulo policial e duas viaturas da Polícia Militar foram acionadas. Por volta das 17 horas, o grupo se dispersou. Não houve registro de incidentes durante a manifestação.

A mudança de foco na passeata foi a opção adotada pela organização, já que o debate previsto sobre a legalização da droga foi vetado pelo juiz Pedro Luís Sanson Corat, da Vara de In­quéritos Policiais de Curitiba, na última quarta-feira.

A decisão judicial atendeu a uma medida cautelar proposta pelo deputado federal Fer­­nando Francischini (PSDB-PR), ex-secretário municipal Antidrogas de Curitiba. Em São Paulo, a Justiça também proibiu a manifestação, mas simpatizantes da causa saíram às ruas na tarde de sábado e foram reprimidos pela polícia.

Outras marchas

Assim como no Paraná, os organizadores da manifestação na capital paulista haviam decidido transformar o ato em um protesto a favor da liberdade de expressão. As referências à maconha foram apagadas de cartazes e cobertas com fita adesiva preta nas camisetas. Os manifestantes foram informados ainda de que não poderiam seguir em passeata, como haviam planejado. Mas a multidão acabou avançando após a prisão de um participante acusado de fazer apologia à droga.

A Tropa de Choque foi acionada na tentativa de impedir que o grupo de cerca de mil pessoas caminhasse pela Avenida Paulista. A polícia disparou balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e gás pimenta contra a multidão. Oito pessoas foram detidas.

A Polícia Militar investigará a conduta dos policiais que participaram da repressão à Marcha da Maconha. A corporação prometeu apurar "todo e qualquer abuso que pode ter ocorrido’’.

Na tentativa de evitar a marcha, a polícia usou balas de borracha e bombas de efeito moral contra os manifestantes, perseguidos por 3 quilômetros entre a Avenida Paulista e a Rua da Consolação.

Imagens da TV Folha mostram um policial agredindo um fotógrafo. Minutos depois, o repórter Félix Lima, que fazia a cobertura jornalística do ato para a TV, foi atacado por uma agente da Guarda Civil Metropolitana. Identificado com crachá, Lima recebeu um jato de spray de pimenta no rosto e na lente do equipamento.

Em Porto Alegre, cerca de 200 pessoas participaram da Marcha da Maconha. O grupo se reuniu no Parque Farroupilha e fez algumas apresentações artísticas. Não houve incidentes, respeitando o acordo que haviam feito com o Ministério Público, evitando tanto o consumo no local como qualquer apologia ao uso de drogas.

Repercussão

Em Curitiba, alguns participantes disseram que os confrontos em São Paulo apenas estimularam a adesão ao protesto. Para o advogado Fernando Lemos, que observava a marcha, a proibição do uso da maconha é benéfica aos traficantes e aos policiais corruptos, que cobram propina para liberar a venda ilegal da droga.

Embora o acordo fosse realizar um protesto a favor da liberdade de expressão, a passeata em Curitiba também foi marcada por gritos em defesa da maconha. Alguns integrantes chegaram a cantar uma canção do jamaicano Bob Marley, conhecido como um dos grandes defensores da droga.

Um dos organizadores do evento, o publicitário Shardie Casagrande, disse que o objetivo da passeata não era estimular debates apenas sobre a legalização do uso recreativo da maconha. "A marcha vem trazer discussões que vão além do usuário e envolvem o tráfico de drogas. Mais do que a liberação, defendemos que a comercialização seja organizada e controlada pelo governo. Além disso, a maconha pode ter uso medicinal e industrial. Sua semente, por exemplo, tem mais proteínas que a semente de linhaça", afirmou.

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