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Marina é vencedora. Ninguém imaginaria que uma menina miserável dos seringais do interior do Acre, alfabetizada apenas aos 17 anos, poderia galgar a escada social a ponto de chegar a ser Ministra de Estado. Mas a biografia de Marina Silva, titular da pasta do Meio Ambiente do governo Lula, é muito mais do que isso.

Maria Osmarina Silva de Lima nasceu em 8 de fevereiro de 1958, em Breu Velho, em um seringal conhecido como "Bagaço", filha de uma família de 11 filhos, dos quais três morreram. Mesmo sem ter escola na região, aprendeu matemática aos 14 anos para ajudar o pai a não ser enganado pelo proprietário do seringal.

Aos 17 anos, mudou-se para Rio Branco, no Acre, e começou um curso de alfabetização no antigo Mobral. Para se manter, trabalhava como empregada doméstica. Aos 27, filiou-se ao PT, motivada pelo desejo de melhorar as condições de vida dos trabalhadores dos seringais. O contato com o líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988, acirrou esse sonho.

A ascensão política da seringueira foi rápida. A Marina do PT, como passou a ser conhecida, ganhou sua primeira eleição na disputa municipal de 1988, quando se tornou vereadora de Rio Branco e, em 1990, deputada estadual do Acre. O ano de 1994 marca sua história de forma especial: Marina é eleita a mais jovem senadora da história do Brasil, aos 38 anos. Em 2003, Lula a chama para liderar o Ministério do Meio Ambiente.

Mérito pessoal? Ela nega. "Há milhões de Marinas e de Lulas entre os brasileiros, de vocações que não se realizam porque as condições vigentes não lhes permitem desenvolver suas potencialidades", afirmou a ministra em uma conferência para estudantes em 2003, assim que aceitou o convite de Lula. No comando da pasta, Marina destacou-se por não desviar-se dos ideais e metas que defende desde sempre – mesmo que a sua permanência no cargo esteja em jogo. "Perco o pescoço mas não perco o juízo", disse, recentemente.

No começou de novembro, quando esteve em Curitiba, ao comentar os boatos de que ela sairia do ministério, Marina repetiu o discurso humilde e a idéia de que a decisão cabia a ela, "a Deus e ao presidente Lula". Criticada por setores do governo, que a acusam de impedir o desenvolvimento do país com a insistência a metas ambientais, Marina responde, com a sua convicção de sempre, lembrando a impossibilidade do crescimento de um país sem a preocupação pelo meio ambiente. Se fica ou não, ninguém sabe. Mas sua trajetória de coragem, coerência e integridade é, sem dúvida, admirável.

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