• Carregando...
O suposto índio se chamava Avapu e fazia artesanatos no campus da UEM | Divulgação/Funai
O suposto índio se chamava Avapu e fazia artesanatos no campus da UEM| Foto: Divulgação/Funai

Um jovem de aproximadamente 17 anos sensibilizou boa parte dos moradores de Maringá, autoridades da cidade e docentes da Universidade Estadual de Maringá(UEM) se fazendo passar por um índio arredio, que temia o homem branco, não falava português e fugia da imprensa quando era procurado. Há quase 20 dias, o jovem, que alega ser indígena e atende pelo nome de Avapu, estava morando dentro do campus da UEM. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), trata-se de um morador da região de Pontes e Lacerda (MT), na divisa com a Bolívia, que apresenta problemas psicológicos.

Segundo a assistente social da Funai de Londrina (Norte do estado) que atende o caso, Evelise Machado, Avapu é filho de um boliviano com uma brasileira. Ela diz que o jovem apresenta algum tipo de distúrbio. "O tal Avapu se faz passar por índio para vender artesanato e viajar pelo Brasil. A primeira vez que ele fez isso foi em Guarapuava. É um artista que se comporta como índio. Faz artesanato, mas na verdade é um andarilho", explica Evelise.

A Funai de Guarapuava (região Central) confirmou as informações de Evelise. De acordo com o chefe do setor administrativo, Willian Silva Amancio, Avapu foi encontrado em Guarapuava, em 2006, com 15 anos, agindo da mesma forma de agora em Maringá. "Ele finge não saber a língua, mas depois se abre quando adquire confiança", explica.

Amancio conta que o jovem decidiu sair de Pontes e Lacerda porque tinha problemas familiares e decidiu se apresentar como índio. "Ele contou que o pai agredia a mãe e por isso saiu de casa. O rapaz quer ter etnia indígena, mas não tem. Quando estava com a gente em 2006, chegou a se perfurar com arame para se enfeitar com apetrechos indígenas, mas pegou uma infecção. Dizia que queria descer para Florianópolis (SC) porque lá seria um lugar melhor para vender artesanato", explica.

Segundo Amancio, a Funai chegou a comprar uma passagem para o jovem em dezembro de 2006, com destino a Pontes e Lacerda. "E ele foi parar em Porto Velho (RO). Chegou a aparecer numa matéria do Fantástico como um índio perdido e arredio", conta o funcionário da Funai.

De acordo com o pesquisador da UEM, Lúcio Tadeu Mota, no início, todo mundo acreditava que o rapaz era mesmo um índio. Ele dormia no museu da universidade e era alimentado pelos vigilantes. "Quando era procurado, o rapaz sempre fugia da gente, da imprensa e das câmeras. Só conversava com os vigias e falava o português tranquilamente com eles. Avapu se vestia com bermuda, camiseta, chinelo e às vezes usava um enfeite na cabeça.

O que fez a Funai desconfiar ainda mais da identidade do rapaz aconteceu neste final de semana. Ele foi retirado da UEM por um homem que conduzia um Jeep Cherokee. Segundo os vigias, Avapu ficou muito feliz em ver o homem que veio buscá-lo. "Os vigias contaram que o tal índio o abraçou e entrou no carro muito feliz", lembra Mota.

Além da saída do campus num veículo de luxo, a história de Avapu apareceu num programa de televisão da cidade, nesta segunda-feira (16), onde uma pessoa, que não se identificou, pedia dinheiro para que Avapu retornasse ao Mato Grosso. Uma antropóloga do Ministério Público foi colocada no caso para investigar qual é a real situação do jovem. Até a tarde desta segunda-feira (16), Avapu ainda não havia sido localizado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]