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 | Gilberto Yamamoto
| Foto: Gilberto Yamamoto

Alguns minutos, uma vez por mês, podem salvar sua vida. A frase parece exagerada, mas os médicos confirmam: abrir mão de um tempinho todos os meses para fazer alguns autoexames, se olhar no espelho e conferir pequenas alterações no seu corpo é uma chance de identificar com mais rapidez uma série de sinais que podem indicar algumas doenças, principalmente o câncer.

"O autoexame é uma forma de a pessoa se tocar, entender como seu organismo funciona e detectar pequenas alterações com mais facilidade", explica o diretor-clínico do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), Marcelo Alvarenga Calil.

O médico do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP) e membro do Grupo Brasileiro de Mela­noma, Luciano José Biasi, explica que essa não é a forma mais eficaz de fazer o diagnóstico precoce de câncer, mas ajuda as pessoas a conhecerem seu corpo e perceberem problemas com mais rapidez.

Segundo ele, dois terços dos casos de câncer de pele hoje são identificados pelo próprio paciente a partir da observação regular do seu corpo. Nos Estados Unidos, pesquisas mostram que de 40% a 50% dos diagnósticos são iniciados a partir do autoexame de pele. "Ele [o autoexame] tem uma série de indicações, mas, mesmo assim, em nenhum momento substitui a avaliação médica e os exames clínicos periódicos", pondera.

O caso do câncer de mama é exemplo disso: quando a paciente sente um tumor, durante o autoexame, ele já tem mais de 2 centímetros e as chances de cura são de apenas 60% a 70%. Na mamografia, o nódulo é identificado com menos de 1 centímetro, o que garante até 95% de chances de recuperação e reduz em 30% a probabilidade de morte.

"Por isso, o autoexame não substitui a mamografia, mas a complementa e é uma forma de mulheres antes dos 40 anos [idade a partir da qual é indicado a realização anual de mamografia] perceberem alterações. Como alguns tumores podem acontecer entre o período de realização da mamografia, a observação regular das mamas é uma forma de identificá-los", comenta o chefe da Oncologia Clínica do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Daniel Herchenhorn.

Em outros casos, como o do câncer de testículo, essa observação do corpo costuma ser a forma mais rápida de diagnóstico. Como a maioria dos homens não tem o hábito de fazer visitas anuais e exames periódicos com o médico urologista – o que facilita o diagnóstico precoce –, o autoexame costuma ser o método mais frequente de detecção dos tumores.

Mas os especialistas são unânimes: identificar qualquer alteração durante o autoexame deve ser motivo de alerta, não de desespero. "Nem sempre o problema é um tumor, mas pode ser uma pequena infecção ou algum nódulo benigno. Antes de imaginar o pior, vá ao seu médico de confiança e faça os exames necessários o quanto antes", recomenda o coordenador médico do setor de Derma­tologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Gustavo Alonso.

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