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Cigarro: cada vez de uso mais restrito. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Cigarro: cada vez de uso mais restrito.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
  • Veja: consumo de drogas é maior na rede privada

O consumo de drogas nas escolas é maior em escolas privadas do que em públicas, aponta levantamento da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) divulgado ontem. Mapeamento feito com 50.890 estudantes de todas as capitais brasileiras constatou que, na rede privada, de cada 100 alunos, 30 já consumiram psicotrópicos, como maconha, cocaína e crack, contra 24 na rede pública. Na faixa etária de 16 a 18 anos, a proporção de estudantes de escolas particulares que já usou essas drogas pelo menos uma vez na vida é ainda maior: 54,9%. Na pública, essa porcentagem é de 40,3%. A boa notícia é que o índice de alunos que afirmou ter experimentado drogas lícitas ou ilícitas pelo menos uma vez no ano caiu na comparação com o estudo anterior, de 2003.

A relação de consumo entre os dois tipos de escolas se inverte quando se analisa o uso frequente (declaração de consumo de seis ou mais vezes no mês anterior à pesquisa): nessa faixa, a rede pública ultrapassa a privada por uma pequena margem – 0,9% contra 0,8%. Quanto ao uso pesado (20 ou mais vezes), os alunos da rede pública "superam" os da privada por 1,2% a 0,8%. Ou seja: embora sejam consumidas mais drogas pelos alunos da rede privada, na pública a frequência de uso é maior entre os dependentes.

O estudo do governo federal, feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), trouxe números da rede privada pela primeira vez. Estudantes do ensino fundamental e médio foram submetidos a um questionário de autopreenchimento, aplicado em 789 escolas. Segundo a Senad, cerca de 94% das públicas convidadas aceitaram participar, contra 70% das privadas. "Não entendemos como grave a recusa (das privadas). Pode ter, sim, a ver com o fato de ser a primeira vez que se faz uma pesquisa sobre esse tema (com elas), enquanto a rede pública já tem uma tradição", disse a secretária-adjunta da Senad, Paulina Duarte.

Colégio público

Os dados da pesquisa anterior, de 2004, permitem uma comparação do cenário das drogas nas escolas públicas. O consumo de entorpecentes nas escolas, de modo geral, caiu, com exceção da cocaína, que se manteve estável: subiu de 1,7% para 1,9%.

"O aumento em relação à cocaína foi relativamente pequeno e vai merecer do governo uma análise mais acurada. Não temos uma explicação neste momento", disse Paulina. "A redução do consumo de drogas é um fenômeno que não está ocorrendo apenas no Brasil, há no mundo uma tendência de estabilização do consumo e até mesmo de diminuição. O Brasil vem acompanhando essa tendência mundial, há maior percepção da população sobre os riscos de consumo."

Para a secretária-adjunta, os números mostram um consumo pequeno de crack entre os estudantes – na rede privada, o índice foi de 0,2%. Uma possibilidade para o resultado é o fato de os usuários da droga na faixa etária estudada (de 10 a 19 anos) não estarem em sala de aula.

Na opinião da secretária-adjunta, as escolas estão hoje mais preparadas para lidar com a questão. "A escola brasileira hoje vem discutindo a questão de drogas de uma forma bastante pragmática, saindo daquela questão polarizada, do fundamentalismo ou da banalização do consumo."

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