Sem ajuda do Itamaraty, família pede doações para o translado das vítimas
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) informou nesta segunda-feira (6) que não tem previsão orçamentária nem meios administrativos para ajudar no translado dos corpos dos três paranaenses que morreram no incêndio que atingiu Londres na última sexta-feira. Diante disso, a família das vítimas está pedindo doações para juntar os cerca de R$ 135 mil estimados para o transporte dos corpos, que deverão sem enterrados em Curitiba.
Brigada de Fogo rebate críticas sobre atendimento às vítimas
O bombeiro Ron Dobson, da Brigada de Fogo de Londres, se manifestou, por meio de um comunicado, sobre como foi o resgate das vítimas do incêndio, no prédio residencial Camberwell, Sul de Londres. Segundo o oficial, críticas sobre o trabalho dos bombeiros e especulações feitas sobre a estrutura do prédio são incorretas. O comunicado foi feito nesta terça-feira (7). Seis pessoas morreram, entre elas, três paranaenses: Dayana Francisquini Cervi, 25 anos, e os filhos, Felipe, 4, e Thaís, 7.
Em entrevista ao Jornal de Maringá, Rafael Cervi, marido de Dayana e pai de Felipe e Taís, mortos no incêndio, diz acreditar que houve falta de preparo e empenho dos bombeiros que trabalharam no incêndio. Cervi também falou sobre a estrutura do prédio, que era antigo e não tinha extintores, e deu detalhes das conversas que teve com Dayana durante o incêndio.
Como você ficou sabendo do incêndio e como acompanhou o trabalho dos bombeiros?
Eu fui informado pela Dayana. Ela me ligou dizendo que o prédio estava pegando fogo e que ela não tinha como sair. Eu então ligava periodicamente para ela, para saber da situação. Fiz cinco telefonemas normais e no sexto ela já desligou dizendo: "Tá difícil... Tá difícil... Eu preciso desligar para cuidar do Felipe e da Taís". Ela também estava conversando e recebendo orientações de um bombeiro.
E o que você achou do trabalho dos bombeiros?
Eles sabiam que havia pessoas no prédio duas horas e meia antes de o incêndio terminar daquele jeito. E isso era tempo suficiente para entrar e retirar essas pessoas. Os bombeiros calculam que havia mais de 100 soldados, com 18 caminhões, trabalhando no prédio. Então acho que teve ineficiência. Não quero acusar ninguém, e espero que eu esteja errado, mas me pareceu falta de preparo e de vontade.
O prédio era antigo? Como eram as condições de segurança?
O prédio era de 1960 e não tinha extintor. Tinha escada, mas o acesso a essa escada ficou impedindo porque o primeiro apartamento do corredor, à esquerda, foi o primeiro a pegar fogo. Então ela não tinha como sair pela escada. E eu até tentei furar o bloqueio policial para subir, mas a polícia não deixou.
A família tem recebido o apoio necessário das autoridades?
Hoje [segunda, dia 6] mesmo eu procurei o Consulado Brasileiro daqui e recebi a informação de que eles não poderiam me ajudar. E só me procuraram depois que uma equipe de reportagem ligou para lá pedindo informações. É incrível... Eles cobram uma fortuna por todos os serviços que oferecem e, quando a gente precisa, dizem que não podem ajudar. Estou mais revoltado com isso do que com o que aconteceu com a minha família. O engraçado é que somos brasileiros e somos mais bem tratados pela polícia e pelos assistentes sociais de Londres do que pelas autoridades do nosso país. Espero que essas regras mudem e que eles [o consulado brasileiro em Londres] ajudem mais as pessoas daqui.
Que balanço você faz desses anos que viveu em Londres?
Rapaz, foram anos maravilhosos, muito bons. Posso dizer que foram os melhores seis anos da minha vida. O sofrimento que eu estou passando agora não afeta um terço da felicidade que eu tive aqui. Essas três pessoas vão ser minha vida e minha felicidade para sempre, independente da dor que sinto agora.
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