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Entrevista

“Maringá é um oásis” de consumo, diz diretor do Shopping Avenida Center

Para o engenheiro civil Domingos Bertoncello, o grande fator que impulsionou o crescimento dos shoppings em Maringá foi a forma da distribuição de renda. Na visão do empresário, o predomínio das classes B e C faz a diferença para o setores do comérci

"O consumo em Maringá é  mais seletivo do quem em Londrina, por exemplo, o que proporcionou uma facilidade maior aos shoppings", disse Bertoncello | Ivan Amorin/Gazeta Maringá
"O consumo em Maringá é mais seletivo do quem em Londrina, por exemplo, o que proporcionou uma facilidade maior aos shoppings", disse Bertoncello (Foto: Ivan Amorin/Gazeta Maringá)

"O Paraná é um oásis no Brasil e Maringá é um oásis dentro do estado". Foi desta maneira que o engenheiro civil Domingos Bertoncello definiu a situação econômica do município durante o Papo de Mercado, encontro realizado pela Gazeta do Povo e RPC TV. No evento que debateu o crescimento da classe C, o diretor dos shoppings Avenida Center Maringá, Avenida Center Dourados e Avenida Fashion destacou que a distribuição de renda na cidade foi essencial para o surgimento de vários shoppings.

- Maringá é uma cidade diferenciada no que diz respeito a variedade de shoppings. Estamos chegando a cinco grandes estabelecimentos, isso sem contar as galerias, shoppings populares e de atacado. Por que isso acontece aqui?

O consumo em Maringá é mais seletivo do quem em Londrina, por exemplo, o que proporcionou uma facilidade maior aos shoppings. O grande fator que impulsiona o crescimento dos shoppings é a forma da distribuição de renda e aqui nós temos uma renda média muito boa, melhor do que a de Londrina. Em Maringá, muitas pessoas estão ganhando o suficiente para viver e se divertir, consumir. O número de pessoas extremamente pobres é muito pequeno e o de extremamente ricos – que acabam não gastando aqui - também não é muito grande.

O fato de Maringá ser uma cidade universitária também influencia no consumo nos shoppings?

Sim. Em Maringá, 11% dos moradores são estudantes universitários, ou seja, são aproximadamente 40 mil pessoas. Muitos deles vêm de fora, e gastam em média R$ 2 mil por mês cada um. Somos importadores de consumo.

- Durante o Papo de Mercado, foi debatido o crescimento contínuo da classe média brasileira. Os shoppings de Maringá estão preparados para receber esta nova classe C?

No Brasil todo, são poucos os shoppings que podem dizer que são destinados às classes A ou B. Temos algo assim em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas de maneira geral, o shopping sempre dependeu da classe C para poder ter um fluxo de população, um consumo variado e ter um próprio mix de lojas.

- O que o público da classe C busca em um shopping?

Para vender, o shopping tem que ter de tudo. Desde locadora de carros até imóveis. Agora, o grande forte do shopping é realmente a área de confecções e calçados, seguido pelas óticas, joalherias e bijuterias. As grandes consumidoras são mulheres que compram roupas e calçados.

- Os consumidores da classe C são exigentes?

O crescimento dos shoppings se deve a qualidade de seus serviços, como estacionamento, segurança, uma área confortável para compra, um ar-condicionado. Se este público está indo aos shoppings é porque esse público já é exigente. Cada vez mais as pessoas têm o ‘direito’ de ter esta exigência. As aspirações da classe C são muito parecidas com as das classes A e B.

- Como os shoppings têm enfrentado o problema da inadimplência?

A inadimplência é um problema constante. No entanto, isto não é algo que nos assusta, em função de que não há desemprego.

- Por falar nisso, existem vagas disponíveis nos shoppings?

Tem muito espaço, não só nos shoppings. A cidade tem emprego e felizmente nós não temos problemas como os que ocorreram em Curitiba, por exemplo. Vamos olhar a Cidade Industrial [bairro da capital paranaense]. Lá foi um "boom" na década de 70, havia muito emprego. No entanto, isso atraiu muita gente e de cada cinco que iam para lá, um conseguia o emprego. Aqui não tem isso. Quem muda pra Maringá, se muda porque já arranjou um emprego, já tinha algo garantido. Não é alguém que vai cerrar fileira com os desempregados.

- Algumas empresas enfrentam falta de mão de obra. Como o senhor analisa esta situação?

Evidentemente que muita dessa falta vai ser coberta por tecnologia, por equipamentos que produzam mais. Talvez seja mais fácil comprar uma máquina que produza o dobro de um funcionário do que contratar dois trabalhadores. Isso pode nos levar a uma melhoria tecnológica das empresas. Evidente que se houver uma reversão [na economia], essas empresas não vão vender as máquinas e isso vai causar desemprego. É um risco que acontece a medida que vai crescendo a qualidade de tecnologia. Mas acho que Maringá é uma cidade que está bem posicionada no que diz respeito ao emprego.

- Os shoppings temem uma nova crise na economia?

Hoje não há preocupação. Nós temos um período que acredito que vá ser muito positivo para o país. Nós éramos um gigante adormecido e que se levantou. Quando se fala no Brasil lá fora não é aquele Brasil cuja a capital é Buenos Aires. É um pais com voz ativa, com marcas reconhecidas lá fora. Não acredito em crise para os próximos anos. Como temos uma política econômica aprovada, dificilmente a nova presidente vai ter condições de fazer uma mudança radical.

- Qual sua opinião sobre a política assistencialista do governo federal?

Falam que o combate a pobreza é coisa que o governo faz para conseguir voto. Acho que a gente tem que parar um pouquinho para pensar que tirar algumas pessoas da extrema pobreza custa muito pouco. Se você olhar isso no orçamento nacional é coisa extremamente insignificante, mas muito significante para uma parcela muito alta da sociedade.

- Quais são os maiores desafios dos shoppings em Maringá?

O desafio é o crescimento. E isso passa por aumentar a qualidade de atendimento e dos investimentos, tentar oferecer o que o público realmente precisa.

- Ao longo dos anos a frente de dois shoppings de Maringá, qual foi a sua maior conquista no meio empresarial?

Iniciamos há 38 anos. Quatro jovens universitários que se uniram para tentar fazer alguma coisa. Nosso maior capital era um fusquinha financiado de um dos sócios. Durante este tempo conseguimos crescer e entendemos que nosso principal capital é o credito de confiança que a cidade tem com a gente. Isso é inabalável, não tem nada que nos tire isso.

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