Rafael Cervi, Felipe, Dayana e Thaís| Foto: Arquivo de família

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Família de vítimas se queixa do trabalho dos bombeiros

Em entrevista ao Jornal de Maringá, Rafael Cervi, marido de Dayana e pai de Felipe e Taís, mortos no incêndio, diz acreditar que houve falta de preparo e empenho dos bombeiros que trabalharam no incêndio. Cervi também falou sobre a estrutura do prédio, que era antigo e não tinha extintores, e deu detalhes das conversas que teve com Dayana durante o incêndio.

Como você ficou sabendo do incêndio e como acompanhou o trabalho dos bombeiros?

Eu fui informado pela Dayana. Ela me ligou dizendo que o prédio estava pegando fogo e que ela não tinha como sair. Eu então ligava periodicamente para ela, para saber da situação. Fiz cinco telefonemas normais e no sexto ela já desligou dizendo: "Tá difícil... Tá difícil... Eu preciso desligar para cuidar do Felipe e da Taís". Ela também estava conversando e recebendo orientações de um bombeiro. (Leia entrevista completa)

Inquérito vai ser instaurado para investigar as causas do incêndio

A Polícia Metropolitana de Londres abriu investigação para apurar as causas do incêndio que matou seis pessoas, entre elas três paranaenses, em Londres na sexta-feira. A arquitetura do prédio, construído nos anos 1960 deve ser analisada pela polícia, já que os moradores descrevem o prédio de 14 andares como "armadilha da morte" - não havia sequer saída de emergência apropriada.

Depois do incidente, a subprefeitura de Southwark, que engloba Camberwell (bairro da zona Sul de Londres onde se localiza o prédio), disse que a arquitetura do edifício "não é atípica" e que 3,5 milhões de libras (mais de R$ 11 milhões) foram gastos recentemente em uma reforma para cumprir os padrões de segurança.

"Nunca será possível evitar totalmente os incêndios, mas precisamos ter prédios construídos de forma que, na ocorrência de fogo, protejam as pessoas do lado de dentro e as permitam escapar com segurança", disse o comissário da brigada de incêndios de Londres, Ron Dobson em entrevista à BBC Brasil.

O prefeito de Londres, Boris Johnson, também em entrevista à BBC Brasil, descreveu o episódio como "muito perturbador". Ele disse que será produzido um novo código de regulamentação dos edifícios residenciais para garantir que eles sejam "seguros do ponto de vista criminal e também de incêndios". (MPM)

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Veja como foi o incêndio

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) informou nesta segunda-feira (6) que não tem previsão orçamentária nem meios administrativos para ajudar no translado dos corpos dos três paranaenses que morreram no incêndio que atingiu Londres na última sexta-feira. Diante disso, a família das vítimas está pedindo doações para juntar os cerca de R$ 135 mil estimados para o transporte dos corpos, que deverão ser enterrados em Curitiba.

O dinheiro é arrecadado em uma conta bancária que o cozinheiro Rafael Cervi (marido de Dayana Francisquini Cervi, 25 anos, e pai de Thaís, 7, e Felipe, 4) mantém no Brasil. A família afirma que o translado de cada corpo deve custar 15 mil libras – cerca de R$ 45 mil. Luana Francisquini, irmã de Rafael e delegada de polícia em Santa Catarina, deve chegar nesta terça (7) a Londres para cuidar dos trâmites necessários para o translado dos corpos.

Cervi conta que o Consulado do Brasil em Londres só entrou em contato com a família depois que foi procurado por uma equipe de reportagem que cobre o caso. "Recebi a informação de que eles não poderiam me ajudar. É incrível... Eles cobram uma fortuna por todos os serviços que oferecem e, quando a gente precisa, dizem que não podem ajudar. Estou mais revoltado com isso do que com o que aconteceu com a minha família", afirma Cervi.

Ele conta que autoridades britânicas, como a polícia e um grupo de assistentes sociais, estão prestando ajuda à família. "O engraçado é que somos brasileiros e somos mais bem tratados pela polícia e pelos assistentes sociais de Londres do que pelas autoridades do nosso país. Espero que essas regras mudem e que eles [o Consulado Brasileiro em Londres] ajudem mais as pessoas daqui."

O Itamaraty informou, por meio da assessoria de imprensa, que o apoio a ser oferecido à família paranaense diz respeito à tradução de documentos e orientação para que os corpos sejam liberados o mais rápido possível.

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O Itamaraty disse ainda que compreende a dor da família e que lamenta o incidente, mas que não há possibilidade de ajuda financeira justamente porque não há uma legislação que verse sobre o assunto. O Ministério colocou ainda que o Consulado do Brasil em Londres está acompanhando o caso. Já a assessoria de imprensa da Embaixada do Brasil explicou que o caso é da alçada do Consulado e que não poderia interferir.

Solidariedade e missa

Apesar da insatisfação com o tratamento recebido das autoridades brasileiras, a família das vítimas se mostra grata com o apoio da comunidade londrina. "Aqui na nossa casa não para de chegar gente trazendo coroas de flores, o que mostra como a Dayana era uma pessoa querida por todos. É um momento de muita dor, mas também de muito conforto", falou a cunhada de Dayana, Aqueliny Ferreira.

A jornalista de Maringá que mora na Inglaterra Dayse Hess confirmou que a notícia abalou todos que estão no país. "Como brasileira eu fico comovida sabendo que uma família passou por uma tragédia dessas. Mais ainda porque envolve crianças. É um fato triste."

Entre os brasileiros que vivem no Reino Unido, o apoio se concentra em torno da Igreja Católica brasileira frequentada pela família das vítimas. "A solidariedade tem sido muito grande. Nesta terça vamos fazer uma oração com a comunidade da igreja e na quinta-feira faremos uma missa em homenagem aos três familiares que perdemos", disse o pai da Dayana, Adão Francisquini, que pretende voltar a morar no Brasil.

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