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Clélia Budachi nasceu com paralisia cerebral e diz que o trabalho com a argila a deixa mais calma | Antônio Carlos Locatelli/UEM
Clélia Budachi nasceu com paralisia cerebral e diz que o trabalho com a argila a deixa mais calma| Foto: Antônio Carlos Locatelli/UEM

Projeto é inédito no Brasil

Segundo o professor Valmir da Silva, responsável pelo Ateliê de Esculturas em Argila da UEM, o projeto desenvolvido na universidade é pioneiro no sentido de utilizar a argila como instrumento de estimulação dos neurônios – superando, em parte, a paralisia cerebral. "Desconheço outro projeto como esse".

O professor relata que, quando iniciou o projeto, em 1998, sua intenção era trabalhar a arte. Após ingressar na pós-graduação de Ciências Morfofisiológicas da UEM, percebeu os benefícios que a argila poderia proporcionar a pessoas com deficiência.

"A modelagem com argila ajuda o indivíduo a se reorganizar internamente, a reestruturar-se psiquicamente, a adquirir autoconfiança e auto-estima, além de estimular a formação de novas sinapses."

Visite o Ateliê de Escultura em Argila

O Ateliê de Escultura em Argila fica no Bloco 6 da Universidade Estadual de Maringá (UEM). As aulas, gratuitas e abertas à comunidade, acontecem às segundas, quartas e sextas, entre 14h e 18h.

  • O professo Valmir da Silva (ao centro), ao lado dos alunos Edvan Dias de Souza e Clélia Budachi
  • Edvan Dias de Souza nasceu com paralisia cerebral e, com a argila, conseguiu recuperar diversos movimentos do corpo

Maringaenses com deficiência motora estão descobrindo na argila uma forma de recuperar os movimentos do corpo e de fazer arte. Trata-se de uma técnica chamada neuroplasticidade, aplicada na cidade pelo professor Valmir da Silva, do departamento de psicologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

O laboratório no qual Silva trabalha se transformou no Ateliê de Escultura em Argila. No local, é possível encontrar diversas peças, como esculturas e obras de arte feitas com argila, feitas pelos alunos, todos portadores de deficiências motoras.

"O trabalho com argila estimula o cérebro a criar os movimentos que a pessoa não consegue desenvolver. Isso significa que, em casos de danos por doenças ou traumas, os neurônios lesados podem ser substituídos pelos vizinhos, que assumem as funções das células afetadas", explica o professor.

Edvan Dias de Souza, 35 anos, é um dos alunos O artista nasceu com paralisia cerebral e teve uma lesão na área ligada à parte motora, que afeta movimentos e fala. Praticando a terapia há mais de 10 anos, Souza conseguiu recuperar movimentos dos braços e mãos.

"Esse projeto mudou minha vida. Antes eu não conseguia nem fazer as esculturas, porque não movimentava muito as mãos, mas, aos poucos, foi conseguindo obter movimentos que jamais pensei que conseguiria", conta Souza.

Ele ganhou um prêmio nacional da Revista Sensações por conta das obras que criou. O artista plástico também se tornou professor de escultura em argila no projeto Arte e Neuroplasticidade, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura de Maringá, na UEM.

"Comecei a frequentar as aulas para exercitar as mãos e os braços. Depois me tornei professor. Amo estar aqui. Gosto de obras de arte que desafiam a força da gravidade".

Outro caso de superação é o da aluna Clélia Budachi, que nasceu com a mesma deficiência de Souza. Há pouco mais de cinco anos no projeto, Clélia disse que ganhou novos movimentos nas mãos e que se sente mais tranquila. "Sou muito mais calma. Era muito nervosa, mas, com a terapia, consegui controlar. Gosto muito de estar aqui."

Projeto também atende idosos

O projeto tem ajudado também alguns idosos que moram em Maringá. Eles encontraram na argila uma forma de relaxar e se distrair. É o caso de Maria de Jesus Souza, de 66 anos. Aposentada e dona de casa, Maria disse que não fica uma semana sem participar das aulas. Ela encontrou no barro uma forma de tratamento para o corpo e a mente.

"Estou aqui há mais de cinco anos e não quero mais parar de fazer esculturas. É muito bom para o corpo e para a alma. É maravilhoso pegar o barro na natureza e transformá-lo, aos poucos, em peças decorativas", conta a aposentada.

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