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Trabalho escravo associado à produção de carvão está entre os motivos para o desflorestamento | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Trabalho escravo associado à produção de carvão está entre os motivos para o desflorestamento| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Resposta

IAP contesta dados e frisa que as derrubadas caíram drasticamente

O cenário paranaense não é tão cinzento quanto mostra o Atlas de Remanescentes de Mata Atlântica, na opinião do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Tarcísio Pinto, presidente do órgão responsável por autorizar cortes e fiscalizar ações irregulares, destaca que os números mostrados no estudo não levam em consideração a diferença entre desmates legais e ilegais. "Mesmo sabendo que é um estudo sério, eu contesto o levantamento", comenta. Ele faz questão de frisar que uma pesquisa recente do Ipardes apontou que as derrubadas não autorizadas teriam diminuído drasticamente nos últimos anos no estado.

Tarcísio acredita que o novo Código Florestal contribuiu para que as áreas nativas fossem mais pressionadas, favorecendo o avanço do setor agropecuário sobre os locais preservados. Para o presidente do IAP, o Atlas da Mata Atlântica não considera as áreas que estão em fase de recuperação, como medidas de compensação para derrubadas autorizadas. "Não creio que o desmatamento irregular chegue a 20% [dos 2,1 mil hectares]", diz.

Um por cento parece pouco, mas quando o assunto é desmatamento representa uma área gigante, do tamanho de 15 parques Barigui, que teria sido derrubada em 2013 no Paraná. Se esse ritmo – 2,1 mil hectares ao ano – for mantido, em um século não existirá nem um metro de floresta nativa no estado. Os dados são do Atlas de Remanescentes de Mata Atlântica, divulgado ontem. Novamente, o Paraná aparece entre os estados que mais desmataram – é o quarto no ranking.

INFOGRÁFICO: Confira o índice de desmatamento da Mata Atlântica no Brasil

Em dados nacionais, a taxa anual de desmatamento é a maior desde 2008. Depois de anos em tendência de queda, em 2012 e 2013 os indicadores voltaram a aumentar. O Atlas indica que foram suprimidos 23,9 mil hectares de Mata Atlântica no Brasil no ano passado – uma área equivalente à meia Curitiba. Um de cada dez hectares desmatados no país teria tombado no Paraná. Atualmente restam apenas 11,8% do território paranaense com o bioma.

"O objetivo do Atlas é fazer um diagnóstico", declara Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, uma das entidades responsável pelo estudo. Ele comenta que foram identificados casos de trabalho escravo associado a desmatamento e produção de carvão. Para Mantovani, além do cumprimento da lei que impede a derrubada indiscriminada de floresta nativa, os planos municipais de Mata Atlântica poderiam auxiliar no combate local ao problema.

Nos últimos 25 anos, uma mancha verde do tamanho do estado de Sergipe sumiu do mapa do Brasil. O pouco que resta do bioma – sobram apenas 8% deste tipo de floresta que já cobriu quase metade do Brasil – está ainda mais ameaçado.

Em tese, o Atlas é capaz de identificar qualquer derrubada com área bem conservada superior a três hectares (o equivalente a três campos de futebol), mas problemas técnicos na análise das imagens e a presença de nuvens no momento em que as fotos são feitas podem comprometer a avaliação. O Atlas avaliou 16 estados brasileiros que ainda têm remanescentes de Mata Atlântica.

Carvão e eucalipto pressionam o bioma em MG

No Dia da Mata Atlântica, celebrado ontem, não houve motivo para comemorações, diante dos dados que mostram a retomada do ritmo de desmatamento no Brasil. Pelo quinto ano consecutivo, Minas Gerais lidera o ranking, com 8,4 mil hectares desmatados em 2013. O cenário já foi pior: no ano anterior, haviam sido derrubados 10,7 mil hectares.

Diante do cenário, a Fundação SOS Mata Atlântica solicitou ao governo mineiro uma moratória – espécie de suspensão temporária – de todas as autorizações de corte de floresta nativa. O prazo de um ano está prestes a vencer, mas teria sido um dos responsáveis pela redução no ritmo de desmatamento em Minas. "Identificamos casos de supressão de mata para plantio de eucaliptos", comenta Mario Mantovani, da Fundação.

A produção intensiva de carvão é outro fator que pressiona a mata nativa. As situações geraram investigações do Ministério Público, apontando inclusive falsidades de laudos que levaram às autorizações, e culminaram em ações que estão na Justiça.

Centro-Oeste

Também entre os destaques negativos no Atlas está o Mato Grosso do Sul. Apesar de não estar entre os líderes em quantidade de desmatamento, aumentou a derrubada de Mata Atlântica em mais de 1000% de um ano para outro – de 49 hectares em 2012 para 568 em 2013.

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