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Em maio deste ano, o Mato Grosso foi o estado da Amazônia Legal que mais desmatou, segundo o Sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Naquele mês, foram 93,7 km² de floresta derrubada, o equivalente a 12 mil campos de futebol. Esta é a taxa mensal mais alta dos últimos quatro anos no MT. O ranking exclui os estados cobertos por nuvens durante o período de medição.

Fronteira agrícola madura, o futuro da floresta em Mato Grosso está diretamente relacionado ao agronegócio. O Instituto Centro de Vida (ICV), de pesquisa ambiental, com sede em Cuiabá, divulgou recentemente um relatório relacionando a corrida ao desmatamento com as alterações propostas pelo novo Código Florestal. A abertura de terreno, avalia o instituto, visa se aproveitar da anistia prometida pela proposta, e acontece à revelia da legislação em vigor.

"Somos um estado em que a agricultura tem uma grande relevância para a economia local, formado por grandes propriedades e com um ex-governador que era do setor (Blairo Maggi, PR-MT). Com a pecuária e a cultura de grãos precisando crescer, acaba se avançando para novas áreas", explica o economista ecológico João Andrade, coordenador do Programa de Governança Florestal do ICV.

"Correntão"

A aceleração do desmate no estado é intensa a ponto de os técnicos do instituto terem observado a volta da prática conhecida como "correntão". Nesse sistema, dois tratores arrastam uma pesada corrente pela área a ser limpa, derrubando toda a vegetação. A prática era comum nos anos 1970. Mais tarde, foi abandonada pelos proprietários, pois a velocidade de desmate era facilmente destacada nas imagens de satélite.

Além das discussões sobre o Código Florestal, o Mato Grosso debate a legalidade do Zoneamento Socioecológico Econômico, aprovado em abril pelo governador Silval Barbosa (PMDB). Entre os pontos mais polêmicos estão a anistia a quem desmatou mais de 80% de sua propriedade, a redução de territórios indígenas (constitucionalmente, uma atribuição federal), e a liberação da produção da cana-de-açúcar no estado (ante restrições federais). O Ministério Público de Mato Grosso e o MP Federal entraram com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

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