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Redação que trouxe receita de miojo foi o estopim para discussão sobre os critérios de correção dos textos | Reprodução
Redação que trouxe receita de miojo foi o estopim para discussão sobre os critérios de correção dos textos| Foto: Reprodução

O Ministério da Educação (MEC) revelou nesta quinta-feira que os profissionais contratados para corrigir redações do Enem são avaliados com testes aleatórios. Sem saber, alguns dos textos que eles leem e avaliam já foram previamente analisados pelo MEC.

Trata-se de um mecanismo de controle de qualidade para verificar o preparo do corretor. Como o MEC já sabe de antemão a nota que deve ser atribuída, essas redações cumprem apenas a função de avaliar o avaliador. Dependendo dos erros que cometer, o corretor pode ser excluído da banca.

A prática de testar quem corrige as redações do Enem com textos previamente avaliados era mantida em sigilo. O segredo foi revelado pelo presidente do Inep, Luiz Claudio Costa, em audiência pública da Comissão da Educação da Câmara que discutiu os critérios de avaliação das redações no Enem de 2012.

O Inep repassa diariamente a cada corretor um ou dois envelopes com 50 redações cada, totalizando até 100 textos com origem variada, isto é, de alunos de escolas públicas e privadas, bem como de municípios com alto e baixo Índice de Desenvolvimento Humano. O instituto pagará neste ano R$ 3 por redação.

"Todos recebem, num pacote de 50 redações, uma redação chamada ouro, da qual já se sabe a nota. Então, se eu tenho uma redação, e o supervisor está observando, e é sabido que a nota dela é 800 e o corretor dá 300, evidentemente ele é alertado e excluído", disse Costa.

Especialistas que participaram da audiência pública fizeram críticas ao sistema de correção, ao mesmo tempo em que reconheceram o esforço do MEC para corrigir falhas.

Um dos problemas citados foi o elevado número de redações para corrigir — 4,1 milhões no último exame —, o que dificultaria uma análise qualificada. O cansaço natural dos corretores seria um obstáculo natural, na medida em que esse profissionais acumulam a atividade de correção de textos do Enem com seus afazeres diários.

O exame deste ano será aplicado em 26 e 27 de outubro. As inscrições começam na próxima segunda-feira e vão até 27 de maio.

MedidaJustificativa para nota máxima na redação ainda não foi oficializada

Apesar de ter sido anunciada há três dias pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, como uma das grandes novidades do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, a exigência de justificativa dos corretores para cada nota máxima dada em uma redação não consta no edital da prova, publicado quinta-feira no Diário Oficial da União.

O MEC também não detalhou no documento quais erros seriam aceitos em casos tidos como "excepcionais".

A medida foi divulgada como uma resposta à série de falhas das correções da prova, que viraram notícia em abril deste ano. Na ocasião, reportagens revelaram que redações de mil pontos (nota máxima) da última edição do exame continham erros graves de concordância e de ortografia, como "rasoável" e "trousse".

Resposta

Questionado sobre a ausência da justificativa, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo Enem, informou que a medida constará nas orientações dadas aos corretores no momento do treinamento.

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