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A polícia do Rio decidiu nesta quinta-feira (17) que vai indiciar o neurocirurgião Francisco Doutel por substituir o médico Adão Crespo Gonçalves, que faltou aos plantões no Hospital Salgado Filho, no Rio.

A informação foi confirmada pela delegada Isabela Santoni, da Delegacia Fazendária do Rio. Doutel deve responder por falsidade ideológica e estelionato contra a administração pública. Ele informou à delegada que substituiu Gonçalves durante suas faltas nos últimos cinco anos, recebendo a quantia integral do salário pago ao neurocirurgião.

O caso veio à tona quando no dia 24 de dezembro do ano passado, Adão Crespo Gonçalves não compareceu ao plantão. Naquele dia, a menina Adrielly dos Santos Vieira, 10, foi atingida na cabeça por uma bala perdida, no morro do Urubuzinho (zona norte do Rio). A garota precisou ser operada, mas, devido à falta do médico, teve que esperar por oito horas para fazer a cirurgia. Ela morreu há quase duas semanas.

Hoje, a delegada ainda ouviu o médico Carlos Augusto Borges, que se aposentou em setembro, e era o outro neurocirurgião plantonista dos turnos em que Adão Crespo Gonçalves deveria trabalhar. Ele revelou que a prática de troca de plantões é comum no hospital.

"É muito comum, rotineira. Não há irregularidade e não é vetado pelo CRM (Conselho Regional de Medicina)", disse Borges ao "RJTV", da TV Globo.

Outro problema constatado pela delegada é que, em algumas faltas de Adão Crespo Gonçalves, Carlos Augusto Borges trabalhou sozinho, mas também recebeu o salário do substituto. Francisco Doutel informou que só parou de fazer os plantões quando Borges se aposentou por não querer fazer o plantão sozinho.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil disse "desconhecer a substituição de médicos de plantão sem autorização prévia das direções de suas unidades do hospital e reprova a prática". A secretaria ressaltou ainda que instaurou uma auditoria no setor de Recursos Humanos e que fará a implantação do ponto eletrônico em todos os hospitais da rede municipal.

A delegada estuda a punição dos chefes dos plantões, que ainda serão ouvidos nos próximos dias.

Omissão de socorro

Em outro inquérito na 23ª DP, o neurocirurgião foi indiciado sob suspeita de omissão de socorro.

No depoimento que prestou para este inquérito, Gonçalves afirmou que há um mês não comparecia aos plantões no Salgado Filho porque estava insatisfeito com a escala e havia pedido demissão. Ele está afastado desde o fim de dezembro.

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