Os médicos especializados em anestesiologia e medicina intensiva do Instituto Médico Legal (IML) se declararam suspeitos para periciar os prontuários das sete mortes que, supostamente, foram antecipadas por Virgínia Soares de Souza (foto abaixo) e outros seis ex-funcionários do Hospital Evangélico. Um oitavo réu é acusado somente de formação de quadrilha. As supostas antecipações de morte na UTI do hospital teriam ocorrido entre 2006 e janeiro de 2013.
A reportagem teve acesso a informações dos autos que indicam que alguns dos médicos do IML alegaram ter amizade com Virgínia. Outros argumentaram ter trabalhado no Hospital Evangélico. O IML teria aproximadamente dez especialistas em anestesiologia e medicina intensiva.
É a segunda vez que o trabalho de perícia do caso trava. A primeira vez foi no mês passado, quando a Procuradoria Geral do Estado (PGE) se negou a pagar R$ 220 mil por uma perícia solicitada pela 2.ª Vara do Júri de Curitiba, responsável pelo caso. Quando essas análises técnicas são solicitadas pelo juiz do caso, cabe ao Estado arcar com as custas.
As declarações de suspeição dos médicos do IML foram feitas após uma consulta do Ministério Público do Paraná (MPPR) sobre as condições técnicas da instituição. A promotoria encarregada do caso quis saber se, em caso de necessidade, os médicos teriam condições técnicas de realizar a perícia. Em resposta, o IML afirmou que havia condições, mas os médicos especialistas não fariam por se declararem suspeitos.
Apesar da negativa, a reportagem apurou que o caso não deve ficar sem a perícia. Há algumas saídas ainda, como solicitar o trabalho a IMLs de outros estados ou procurar outros peritos particulares. Tudo dependerá da avaliação do juíz da 2.ª Vara do Júri de Curitiba, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar.
Para o advogado da médica Virgínia, Elias Mattar Assad, a instituição IML não pode se declarar suspeita, a análise a ser feita não é complexa e há muitos médicos que podem fazer a perícia. "Vou insistir que o IML faça a perícia", disse o advogado.
Com o atraso, é provável que só em 2015, após a conclusão da perícia, os réus do caso comecem a ser ouvidos pela Justiça.
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