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Uma manifestação dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) pode afetar o atendimento em 21 estados do país nesta terça-feira (25). O Paraná vai participar da mobilização, mas os profissionais não vão deixar de trabalhar. Os médicos do estado planejam um protesto pacífico na Boca Maldita, no Centro de Curitiba, para a distribuição de panfletos que ressaltam a precariedade da saúde pública.

O objetivo da manifestação é para reforçar a luta constante dos profissionais da saúde para que a assistência prestada à população seja cada vez melhor. "Não temos condições adequadas de trabalho e remuneração condizente com a nossa responsabilidade. Faltam investimentos e recursos para melhorar e dar agilidade ao atendimento à população", diz o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Carlos Roberto Goytacaz Rocha, em nota divulgada pelo CRM-PR.

Segundo Rocha, o protesto no Paraná será educativo para que sejam apresentados às pessoas os principais problemas do SUS e demonstrado o compromisso da classe em lutar por um sistema público de qualidade. Também estão mobilizados o Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná (Simepar) e a Associação Médica do Paraná (AMP).

Só no estado, são internadas, em média, 67 mil pessoas por mês pelo SUS. Segundo o CRM-PR, dos 19 mil médicos ativos no Paraná, 50% atuam no SUS. O salário-base pago pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná para o profissional atuar por 20 horas semanais, independente da especialidade, é de R$ 2.685,56.

Paralisações pelo Brasil

Médicos de pelo menos 21 estados devem paralisar as atividades nesta terça-feira. A suspensão dos atendimentos de consultas e exames estão previstas para os estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

Em São Paulo, os organizadores preveem que a paralisação ocorra em algumas unidades de saúde ao longo do dia. Os atendimentos dos casos de emergência e urgência, no entanto, serão mantidos em todo país. Em Santa Catarina, a paralisação deve durar apenas uma hora, enquanto que no Piauí, se estenderá por três dias. Na conta dos organizadores, a adesão à paralisação deve mobilizar 100 mil pessoas.

Além do Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins vão realizar manifestações e protestos públicos, mas a rede funcionará normalmente. "Esse movimento é a favor da assistência médica da população, a favor do SUS. Queremos dizer à população que estamos do lado dela, que a assistência hoje está bem abaixo daquilo que nós, médicos, desejamos, e daquilo que a população espera", disse o 2º vice-presidente do CFM, Aloísio Miranda.

"Não tem médico que fique mais do que algumas semanas até meses (na rede pública), por não aguentar a sobrecarga emocional, de trabalho, de indignação de ver o atendimento feito nos corredores, sem o mínimo respeito aos direitos humanos". Ao final do dia, será avaliada a repercussão do movimento. Para Miranda, poderão ocorrer outras paralisações.

Além de melhores salários, o movimento destaca que há uma falta de leitos hospitalares no país. Entre 1990 e 2011, o Brasil teria perdido 203.066 leitos. O argumento é que houve perda na distribuição geral dos leitos do SUS em todas as regiões do país, exceto no Norte, onde teria havido variação positiva de 3.213 leitos. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil perde dos vizinhos Argentina, Uruguai e Chile, quando comparado o investimento per capita na área.

Para o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Antonio Carlos Nardi, a reivindicação da categoria é justa, mas a paralisação pode prejudicar a população. "Não posso tirar a razão de reivindicação de melhores condições de trabalho e de remuneração, mas não é com paralisação que você soluciona problemas, mas sim com mobilização, por meio do convencimento político das nossas autoridades", afirmou. "A gestão municipal dentro do financiamento integral da saúde pública é quem mais está investindo dentro do SUS. É no município que a saúde acaba acontecendo, são os municípios que acabam tendo os cidadãos na sua porta", disse.

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