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O ritmo de desmatamento da Mata Atlântica tem diminuído ano a ano, mas, mesmo assim, uma área equivalente ao estado de Sergipe veio abaixo nos últimos 25 anos. O mais recente Atlas de Remanescentes Florestais, divulgado ontem, mostra que o pouco que resta do bioma – sobram apenas 7,9% deste tipo de floresta que já cobriu quase metade do Brasil – ainda está ameaçado. Minas Gerais e Bahia lideram o ranking de desflorestamento no último período avaliado, que é baseado em fotos de satélite feitas entre 2010 e 2011.

O Paraná, que chegou a ficar em primeiro lugar por vários anos, teria registrado apenas 71 hectares de derrubada no período, segundo o estudo. Mas áreas de devastação no Sul do estado e a supressão vegetal para a formação do lago da usina hidrelétrica de Mauá, entre Telêmaco Borba e Ortigueira, nos Campos Gerais, indicam que os números de desmatamento no Paraná são muito maiores.

Questionados pela Gazeta do Povo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Fundação SOS Mata Atlân­tica, responsáveis pelo Atlas, se comprometeram a reavaliar o mapa de desmatamento no Paraná. Em tese, o atlas é capaz de identificar qualquer derrubada com área superior a três hectares (o equivalente a três campos de futebol), mas problemas técnicos na análise das imagens e a presença de nuvens no momento em que as fotos foram feitas podem ter comprometido a avaliação.

Pelos dados divulgados até o momento, somente em três das 399 cidades do Paraná teriam ocorrido supressões de Mata Atlântica: Porecatu, Cafeara e Leópolis, todas no Norte do estado – região em que quase não há mais remanescentes desse bioma.

Surpresa positiva

O atlas avaliou dez dos 17 estados que ainda têm remanescentes de Mata Atlântica. A diminuição no ritmo de desmatamento no Sul do Brasil foi considerada pelos pesquisadores como a surpresa positiva do levantamento. Em contrapartida, Minas Gerais e Bahia não conseguiram frear o avanço sobre o que resta da floresta. Para o coordenador de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, a redução nos casos de desflorestamento do bioma é posterior à aprovação, em 2006, da Lei da Mata Atlântica, que tirou qualquer dúvida sobre a proibição de devastar o que resta desse tipo de vegetação e estabeleceu punições mais específicas para quem desrespeitar a legislação.

Comparados aos números do desmatamento na Amazônia, a devastação na Mata Atlântica parece pequena. Para Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica, o desafio é ainda maior para conservar o que restou do bioma. Por isso, a partir do atlas, a fiscalização passa a ser mais intensa nas áreas com mais desmatamento e denúncias são encaminhadas para a investigação do Ministério Público. Márcia destaca que boa parte do que está em bom estado de preservação está localizada em áreas acidentadas, de difícil ou oneroso acesso.

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