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O aterro de Gramacho, que fechou ontem, funcionou por 34 anos e recebeu 70 milhões de toneladas de lixo | Pedro Farina/O Dia
O aterro de Gramacho, que fechou ontem, funcionou por 34 anos e recebeu 70 milhões de toneladas de lixo| Foto: Pedro Farina/O Dia

Ontem, às 11 horas, o aterro de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), na Baixada Flu­­minense, recebeu o último caminhão carregado de lixo e encerrou definitivamente as atividades. Uma placa foi instalada no portão de entrada com o aviso: "Aterro Metropolitano de Gramacho fechado. Proibido jogar lixo neste local". Ele era o maior da América Latina.

De carona em um trator, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, despejaram terra sobre a remessa final de lixo. A ministra quer que o fechamento de Gramacho seja modelo para todo o país. Citando a meta do estado do Rio de Janeiro de fechar todos os aterros no entorno da Baía de Guanabara até o fim do ano, Izabella disse que está lançado o "desafio de o estado do Rio ser o primeiro a cumprir a Política Nacional de Resíduos Sólidos".

Essa política foi instituída pela Lei 12.305, de 2010. O objetivo é fechar todos os lixões brasileiros até 2014. A ministra definiu o cumprimento do prazo para a implantação da política como um "desafio imenso".

"O prazo é muito curto, mas é importante que os instrumentos para a concepção desse objetivo sejam consolidados", disse Izabella em entrevista coletiva durante o encerramento das atividades do aterro.

A ministra também lembrou que a responsabilidade de erradicação dos lixões é dos municípios. O governo federal tem atuado no financiamento de iniciativas locais de adequação à lei. "Os Planos Municipais de Resíduos Sólidos são necessários exatamente para a erradicação dos lixões. Além disso, até o fim do ano implantaremos, em quatro cadeias, a estrutura de logística reversa", explicou.

Segundo a ministra do Meio Ambiente, ao fechar o aterro e construir o Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, o Rio dá exemplo, com o município "atuando de maneira global". "Não temos nada que vai apequenar a participação da cidade do Rio de Janeiro na Rio+20 como anfitriã", afirmou Izabella, lembrando que a partir do dia 5 a área do Riocentro estará entregue à ONU.

"A gente passou os últimos 30 e poucos anos cometendo um enorme crime ambiental, que é esse lixão às margens da Baía de Guanabara", disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que comandou a cerimônia de fechamento do aterro. Segundo Paes, a prefeitura investirá R$ 2 bilhões nos próximos 15 anos em tratamento de lixo.

Despedida

Além de autoridades dos governos municipal, estadual e federal, a cerimônia contou com a presença de catadores de lixo, que chegaram a fazer um abraço simbólico em parte do aterro.

Emocionada, Roberta Al­­­ves, 35 anos, presidente da Associação Carioca de Cata­­­dores e Ex-Catadores de Gramacho, enterrou a roupa que usava para trabalhar no solo do aterro.

O Ministério Público do Rio estuda ajuizar uma ação para obrigar os órgãos públicos de limpeza e meio ambiente do estado e do município a fornecer informações sobre a contaminação ambiental gerada pelo lixão de Gramacho. De acordo com o promotor do Meio Ambiente Marcus Leal serão solicitadas informações e um estudo que apresente "de forma satisfatória" a contaminação no local.

Durante 34 anos, a prefeitura do Rio e de outros oito municípios da região metropolitana depositaram 70 milhões de toneladas de todos os tipos de resíduos no local sem qualquer cuidado ou proteção ambiental.

O lixão está localizado sobre um mangue às margens da baía de Guanabara e na confluência dos rios Sarapuí e Iguaçu. Ao redor dele, existem ao menos 42 lixões clandestinos que contaminaram o solo e lençol freático com metais como o chumbo.

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