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No fundo do mar: memória da caixa-preta foi localizada na manhã de ontem por um robô-submarino | AFP
No fundo do mar: memória da caixa-preta foi localizada na manhã de ontem por um robô-submarino| Foto: AFP

Famílias pedem investigação neutra

Agência Estado

O presidente da Associação de Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho, defendeu ontem que a caixa-preta encontrada pela BEA seja analisada por um "país neutro", para garantir a ampla divulgação de todas as informações sobre os últimos momentos antes do acidente.

Pai de um dos passageiros, Nelson cobrou que, apesar da descoberta da caixa-preta, continuem as buscas por restos mortais. "A prioridade deles é somente a caixa-preta e os corpos são desprezados", criticou. Segundo Nelson, a continuação das buscas dependerá de uma decisão da Justiça francesa.

"Os Estados Unidos têm grande experiência e avançada tecnologia. Não confiamos no BEA e no governo francês. Nós pedimos em fevereiro que um representante dos parentes acompanhasse as buscas no navio, mas fomos vetados. No entanto, o trabalho é acompanhado por representantes da Air France e da Airbus [fabricante do avião acidentado]", afirmou Nelson.

O presidente da associação disse ter recebido do sindicato de pilotos franceses um documento que relata problemas de manutenção nos equipamentos dos aviões da Air France. "A caixa-preta pode trazer informações sobre isso", afirmou.

O BEA (escritório francês que investiga a segurança na aviação civil) informou ontem que localizou e identificou o módulo de memória de uma caixa-preta que registrou os dados do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 2009, durante o trajeto entre o Rio de Janeiro e Paris. Os 228 ocupantes morreram.

O módulo foi encontrado pelo robô-submarino Remora 6000 e contém os registros de todas as informações do voo. Na quarta-feira, a agência já tinha anunciado que tinha encontrado o chassi da caixa-preta, mas sem a memória.

De acordo com o comunicado do BEA, o módulo foi localizado às 7 horas (horário de Brasília) de ontem e recuperado às 13h40.

Os investigadores esperam que as duas caixas-pretas (uma com os dados do voo e outra com o registro da conversa da cabine) possam determinar o que causou o acidente com o voo 447.

O primeiro mergulho em busca dos destroços do voo, localizados no começo deste mês, foi realizado na manhã do dia 26 e durou mais de 12 horas. O navio francês Ile de Sein, responsável pela operação de resgate, está na área do acidente na costa brasileira. De acordo com o BEA, 68 pessoas estão a bordo do navio, incluindo a tripulação.

Entre eles estão nove operadores do robô-submarino, que irá recolher os destroços, outros técnicos da empresa americana Phoenix International, proprietária dos equipamentos, e membros do BEA.

Grupos

Durante a viagem ao Brasil, a equipe de resgate se reuniu para analisar a organização da quinta fase de buscas, as especificações técnicas dos robôs e as medidas de segurança a bordo.

Sob a direção do BEA, dois grupos de trabalho foram formados. O primeiro continua analisando os dados e imagens da quarta fase de buscas, que localizou os destroços do Airbus A330. Segundo o BEA, a análise está focada nas partes da cauda do avião, onde pode estar a outra caixa-preta do voo 447 da Air France.

O segundo grupo estuda os procedimentos operacionais destinados a recuperar as caixas-pretas, os computadores de bordo e as demais peças da aeronave.

No comunicado do BEA não foi citado se os corpos das vítimas da tragédia serão resgatados. Na semana passada, a Aeronáutica afirmou que o governo francês iria buscar os corpos das vítimas, mas que ainda não havia informações sobre a possibilidade do resgate.

A Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 da Air France, porém, disse que durante reunião com o BEA ficou decidido que os corpos não seriam resgatados, o que provocou protestos por parte dos parentes.

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