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José Rodrigues mostra um dos maiores documentos que serão arquivados, com 6 metros de comprimento | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
José Rodrigues mostra um dos maiores documentos que serão arquivados, com 6 metros de comprimento| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

Dificuldades

Usina foi projetada por engenheiros do Rio de Janeiro

O engenheiro Ademar Sérgio Fiorini conhece bem a barragem de Itaipu. Em 1979, ele integrou a equipe de projetos, que trabalhava no Rio de Janeiro. Os projetos de engenharia eram elaborados na capital fluminense por empresas contratadas pela Itaipu e encaminhados para Foz do Iguaçu.

Fiorini diz que tudo era mais difícil. Não havia computadores nem softwares. Tudo era feito à mão, com nanquim. As cópias eram enviadas a Foz, via malote. "Se a pessoa tinha dúvida, tudo era resolvido por telefone", lembra.

Tecnologia

Hoje, o computador é ferramenta essencial no trabalho da engenharia. Para Fiorini, o Projeto Memória ganha importância pelo fato de proporcionar maior confiabilidade ao material gerado no passado.

O engenheiro Reinaldo Vieira, que trabalhou na hidrelétrica entre 1978 e 2007, lembra que, após os projetos chegarem para ser executados, havia adaptações porque era necessário revisar muita coisa. Para ele, a digitalização dos documentos é fundamental para quem atua na manutenção da usina. "Para fazer a manutenção é importante ter o histórico", diz. (DP)

A Hidrelétrica Itaipu Bina­­cional abraçou um desafio proporcional à sua imensidão. A empresa começou a digitalizar um mega-arquivo com desenhos, mapas e projetos técnicos que, se colocados um sobre o outro, somam 113,73 metros, altura superior aos 81 metros da barragem da usina. Batizado de Memória, o projeto prima por reunir todos os documentos relativos aos primeiros estudos da construção da hidrelétrica até a montagem das últimas turbinas.

Os 113,73 metros de documentos correspondem a cerca de 420 mil folhas no formato de desenhos que retratam a geologia, a instalação do canteiro de obras e das máquinas. Os desenhos estão sendo escaneados em equipamentos de alta definição. Alguns, já desgastados pelo tempo, terão melhor visibilidade após a digitalização. Outras 5 milhões de folhas, no formato de textos, que são contratos, relatórios e cronogramas em papel do formato A4, passarão pelo mesmo processo.

Iniciado neste ano, o trabalho é coordenado pelo administrador de empresas Henrique Guerra Vianna, que atua na superintendência de engenharia da usina. O projeto Memória representa a passagem de bastão da chamada geração zero da Itaipu, formada pelos funcionários pioneiros, para o grupo atual de trabalhadores, cujo quadro já está renovado. "Os técnicos vão olhar documentos do passado para entender o que fazer no futuro", diz Vianna.

A digitalização dos documentos facilitará o trabalho dos atuais engenheiros. Cada máquina ou projeto terá um histórico com informações completas, incluindo eventuais revisões feitas ao longo do tempo. A informação é de fundamental importância para o trabalho de manutenção da hidrelétrica.

Curiosidades

Alguns documentos chamam a atenção pelo tamanho. Há desenhos de 85x120 cm. Outros revelam que nem todo planejamento foi executado. Um exemplo é o projeto para construção de uma eclusa junto à usina (dique que permite a subida ou descida de embarcações em rios com grande desnível), que não saiu do papel, apesar da importância para o país.

Para fazer o trabalho, a Itaipu alugou três máquinas de scaner por R$ 600 mil, durante três anos – tempo previsto para execução do projeto. Se a binacional fosse comprar as máquinas e fazer todo serviço internamente o custo do projeto seria de quase US$ 1,5 milhão, calcula Vianna.

Ao todo, seis pessoas participam da equipe, dois gestores e quatro funcionários terceirizados. Um dos terceirizados é o veterano José Rodrigues, 62 anos. Com 31 anos de Itaipu na carteira de trabalho, ele aposentou-se em 2007 e voltou para a usina para atuar no projeto Memória. Como tem conhecimento da história de Itaipu e conhece como ninguém detalhes dos projetos, é considerado um diferencial na equipe.

Para Rodrigues, a satisfação é grande. "É um acervo técnico importantíssimo não só para a usina, mas para as outras gerações que hoje estão no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz", diz.

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