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Velório de Lavínia, na Vila Esperança: crime chocou a comunidade que conhecia o suspeito, foragido da Colônia Penal Agrícola | Fotos: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Velório de Lavínia, na Vila Esperança: crime chocou a comunidade que conhecia o suspeito, foragido da Colônia Penal Agrícola| Foto: Fotos: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
  • Mário de Castro, padrasto de Lavínia: menina dividia a cama com a mãe e a irmã

O domingo foi de tristeza e espanto para a comunidade da Vila Esperança, no bairro do Atuba, em Curitiba. A menina Lavínia Rabeche da Rosa, de 9 anos, foi encontrada morta na cama em que dormia com a sua mãe e irmã mais nova, de 5 anos. O corpo apresentava sinais de estrangulamento e, de acordo com a polícia, havia indícios de violência sexual. O suspeito do crime, Mariano Torres Ramos Martins, 45 anos, era fugitivo da Colônia Penal Agrícola de Piraquara e morava nas ruas do bairro. Era conhecido na região e pela família.

Esse foi o oitavo caso de violência contra crianças registrado no Paraná só no mês de novembro. Em média, a cada 30 dias, ocorrem 500 casos de agressões contra crianças na capital, e 1,5 mil em todo estado. A cada 16 horas, uma criança é vítima de agressão física, abuso sexual ou maus-tratos. Lavínia foi a quarta criança assassinada neste mês no estado, e pode ter sido a terceira vítima de abuso sexual, se os resultados dos exames comprovarem o estupro.

O suspeito de ter matado Lavínia foi encontrado embaixo da cama onde o corpo da menina estava. O padrasto, Mário Luiz de Castro, está com a perna fraturada e dormia no sofá da sala, enquanto as duas meninas assistiam a um desenho no quarto. A mãe, Maura Rabeche da Rosa, havia saído para telefonar em um orelhão público. Quando voltou, por volta da meia-noite, deitou na cama para dormir e empurrou Lavínia para o lado para ter mais espaço. Foi quando ouviu um ronco, que vinha debaixo da cama. Martins levantou e Maura gritou pelo marido. O casal o expulsou de casa e ele foi agredido pelos vizinhos, por causa da invasão.

Os moradores chamaram a Polícia Militar, que encaminhou Martins ao Hospital Cajuru. Só então a família percebeu que Lavínia havia sido agredida. Ela foi levada para um posto de saúde, mas já estava morta. O pescoço tinha cortes na nuca e sinais de estrangulamento. A polícia foi avisada e, depois de sair do hospital, o suspeito foi encaminhado para o Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac) Sul, no Portão. Em seguida, foi levado ao Centro de Triagem de Piraquara, onde vai permanecer até os exames serem concluídos. Ele estava foragido e foi preso três vezes, duas por roubo e uma por porte de arma.

Os vizinhos contam que sabiam que Martins era ex-presidiário, mas não que se tratava de um fugitivo. A família de Lavínia costumava alimentá-lo com café da manhã e almoço, mas ele nunca chegou a entrar na casa. Segundo o padrasto, a garota ia algumas vezes até o beco onde o homem ficava para entregar a comida. "Nós temos muito pouco, mas dividíamos. Mesmo só com três pães, se ele pedia, a gente dava".

A irmã mais nova não sofreu nenhum tipo de agressão e, segundo a mãe, continuou dormindo. Em depoimento à polícia, Martins negou o crime. Ele disse que encontrou a menina andando de bicicleta na rua e que ela tinha se machucado. Contou que decidiu então levá-la para casa, mas não quer explicar à polícia por onde entrou na residência. O padastro e a mãe afirmam que foi pela janela, já que a porta de casa está sem fechadura e faz barulho. "Se fosse pela porta, eu ouviria. Tenho o sono leve", disse o padrasto. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Rogério Martim de Castro, o acusado não apresentava sinais de bebida ou uso de drogas.

Escola

A menina estudava em uma escola perto de casa, a Anísio Teixeira, no período da manhã. Lavínia levava a irmã menor para a escola e as duas iam e voltavam a pé, sozinhas. Segundo a diretora, Otília Aparecida Carneiro Ferraz, Maura e o marido eram bastante amorosos e preocupados com a menina. "A mãe sempre queria saber como ela estava na escola e sempre era muito preocupada", conta.

Maura está em estado de choque e sob efeitos de sedativos. A comunidade está revoltada. Um comerciante da região cedeu o local para que o corpo fosse velado. O enterro acontece hoje, às 13 horas, no Cemitério Municipal do Boqueirão.

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