| Foto: Divulgação / Pai Eterno
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Mensagens de áudio apreendidas no celular, computadores e HDs do padre Robson de Oliveira Pereira, da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), foram divulgadas no programa Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (21), e sugerem a ocorrência de novos crimes relacionados ao sacerdote. Nelas, por exemplo, o padre supostamente participaria de negociações suspeitas e até sugeriria o assassinato de um desafeto. "Se você pudesse matar ele pra mim, eu acharia uma bênção", diz o padre.

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A reportagem afirmou que todas as conversas passaram por perícia técnica e ficou comprovado que era o padre Robson falando, segundo os investigadores. O material foi apreendido pelo Ministério Público em uma operação no ano passado.

A defesa do padre garante que as gravações são "fruto de montagens e adulterações feitas por pessoas inescrupulosas" e lembra que o religioso tem sido vítima de extorsão.

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As investigações do Ministério Público de Goiás sobre o suposto envolvimento do padre Robson no desvio de R$ 120 milhões culminaram com a Operação Vendilhões, realizada em 2020. O religioso se afastou da presidência da Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro (Afipe) e também da Basílica do Divino Pai Eterno.

O valor teria sido usado, segundo o MP, para aquisição de imóveis, entre os quais uma fazenda de R$ 6 milhões na cidade goiana de Abadiânia e uma casa de praia, no valor de R$ 3 milhões, em Guarajuba (BA). A investigação teve início em 2018, quando padre Robson foi vítima de extorsão e teria pago cerca de R$ 2 milhões para não ter vídeos expostos na internet.

De acordo com o Fantástico, haveria uma rede de corrupção e crime em torno do padre Robson, incluindo desembargadores e uma delegada, além de funcionários da Afipe. A reportagem mostrou ainda um áudio de uma suposta conversa entre o padre e um de seus advogados, na qual eles falam em pagamento de propina a desembargadores.

Segundo o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, é possível ver com clareza "obstrução de Justiça, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo ele, é a "ação de uma quadrilha que se apoderou de uma igreja".

Sobre a menção aos desembargadores, o Tribunal de Justiça de Goiás enviou nota ao Fantástico em que afirma: "A Presidência do Tribunal desconhece os fatos narrados na reportagem. Não foram utilizados os meios próprios para trazer ao Poder Judiciário informações ou indícios de eventual conduta inadequada de magistrados para regular apuração. Não se pode presumir a ocorrência de irregularidades no julgamento de processos a partir de conversa entre advogado e cliente".

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Em nota, a Afipe afirmou que desconhecia os fatos relatados na reportagem exibida no domingo e reafirmou que o padre Robson não tem contato com a atual diretoria da associação.

Delegada afastada

Em um dos casos de chantagem contra o padre Robson investigados pela então delegada de Trindade, Renata Vieira da Silva, os áudios a que o Fantástico teve acesso sugerem que o sacerdote iria ameaçar um dos homens que estavam tentando extorqui-lo e que levaria com ele um policial e mais uma pessoa armada. O padre também pediu para a delegada que o liberasse daquela "situação", caso o "extremo" viesse a ocorrer. Segundo a reportagem, o sacerdote e o homem não chegaram a um acordo sobre o valor que seria pago para evitar que mensagens do padre Robson fossem tornadas públicas. Também não houve nenhum ato violento entre as partes.

Ainda de acordo com as mensagens de áudio relevadas pelo programa da Rede Globo, o padre pediu que a delegada corrigisse um dos depoimentos dados por ele à Polícia Civil. Em troca desses "favores", o Fantástico afirmou que a delegada ganhou um contrato para vender fragrâncias aromatizantes na igreja em Trindade.

Em nota enviada ao Fantástico, a delegada Renata Vieira da Silva afirmou que era amiga do padre Robson de 2009. Ela salientou que o padre era a vítima do crime do inquérito policial que ela presidiu - sobre eventual crime extorsão contra o religioso - e que todos os ditames legais foram seguidos.

Na sexta-feira (19), a Polícia Civil de Goiás afastou a delegada do comando do distrito policial de Trindade. A delegacia de Trindade está sob intervenção.

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Relembre o caso

O Grupo de Atuação ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-GO deflagrou, em 21 de agosto, a Operação Vendilhões, que cumpriu mandados de busca e apreensão em 16 endereços ligados ao padre Robson. A ação policial foi autorizada pelo juízo da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais. Um pedido de prisão do padre chegou a ser solicitado pelo MP, mas foi negado pela Justiça.

As investigações tinham sido trancadas por decisão dos desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás, em outubro, mas foram retomadas após decisão do presidente do TJ-GO, Walter Carlos Lemes, em dezembro de 2020.

Ainda em dezembro do ano passado, padre Robson e mais 17 pessoas foram denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por supostos crimes cometidos com as doações feitas pelo fiéis à Associação dos Filhos do Pai Eterno (Afipe). O sacerdote foi denunciado pelo MP-GO pelos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A Justiça decidir se aceita ou não as denúncias e por quais crimes.

No início das investigações, o religioso já havia sido afastado tanto da direção da Afipe quanto da reitoria do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO).