Mesmo com nova regra, caos persiste no Detran

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Mesmo depois do fim do prazo para a obtenção de carteiras de habilitação pelas regras antigas, as três unidades do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) em Curitiba continuam com filas extensas para a prestação de qualquer serviço. Na sede da João Negrão, no centro de Curitiba, a fila ocupava toda a Rua José Loureiro e dobrava a Travessa da Lapa no início da manhã de ontem. Algumas pessoas aguardavam desde as 4 horas da manhã para garantir o atendimento. Uma funcionária distribuiu a senha para os 300 primeiros. A atitude, no entanto, não evitou confusões. Algumas pessoas reclamaram da formação de uma fila especial para idosos e houve troca de xingamentos. A polícia foi chamada para conter os conflitos.

As portas da unidade foram fechadas às 8h20, com o fim da distribuição das senhas. Cerca de 15 pessoas ficaram para fora. "Eles deveriam colocar mais funcionários para agilizar o processo. É a terceira vez que venho e não consigo renovar a habilitação", reclama o professor Gilmar Zaran. Perder várias horas do dia por um serviço considerado essencial é encarado como desrespeito. "Minha fotografia não foi feita ontem porque havia cinco pessoas à frente e bateu 14 horas. Além da situação desgastante, os funcionários têm má-vontade", reclama a dona de casa Marli Barbosa. "Sempre que necessita de serviço público é assim. E nós pagamos os impostos em dia", ironiza o corretor Bergson Bachi.

Para tentar atender à demanda, o Detran remanejou funcionários de funções administrativas para o atendimento ao usuário. "Estamos trabalhando com nosso limite de colaboradores", afirma Sônia Cabral, assessora da diretoria de operações do órgão. No entanto, logo após a abertura dos portões, os 14 guichês da João Negrão tinham apenas 4 atendentes.

De acordo com a assessora, há carência de funcionários no órgão para suportar a demanda dos dois meses mais movimentados: dezembro e janeiro. "A linha física foi ampliada para receber novos 111 servidores, e 41 deles ficarão em Curitiba", afirma. Os novos servidores passaram em concurso público em 2005, mas só serão chamados em fevereiro, mês em que o atendimento deve ser normalizado.

Sônia Cabral explica que janeiro costuma ter movimento intenso pelo período de férias escolares e recessos das empresas no início do ano. "As pessoas têm um tempo maior e tentam aproveitar para adequar o veículo e as habilitações", diz. Sônia também atribui o crescimento da procura a diminuição dos impostos no mercado de automóveis. "Com isso, houve um aquecimento da compra de veículos. E as pessoas nos procuram para regularizar a documentação", afirma.

Explicação furada

Em outras duas matérias da Gazeta do Povo (publicadas nos dias 11 e 20 de dezembro do ano passado), o Detran explicava as longas filas e a demora para o atendimento em razão da alta demanda pela primeira habilitação. A Resolução 285 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que entrou em vigor em 1º de janeiro, torna mais rígidos os procedimentos para a obtenção da permissão. Entre as principais mudanças, estão o aumento de 30 para 45 horas de preparação teórica. Mas a virada do ano e a consequente impossibilidade de retirada da carteira de habilitação pela regra antiga não amenizaram a espera dos usuários.