• Carregando...

A previsão de tempo quente em mais uma reunião do Conselho Universitário (COUN) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se concretizou ontem. Mesmo o conselho tendo determinado a instauração de uma sindicância administrativa para apurar as denúncias de irregularidades na consulta acadêmica para a escolha do novo reitor, um grupo de estudantes que questiona a reeleição de Carlos Augusto Moreira Júnior entrou em confronto com os seguranças da instituição e acabou invadindo o prédio no fim da tarde de ontem.

Há notícias de três alunos feridos – um deles, Lucas Rodrigues, de Farmácia, foi golpeado por um cacetete e precisou levar pontos no Hospital de Clínicas. Também foi quebrada uma porta e uma janela do prédio central da Reitoria. Até o fechamento desta edição, cerca de 45 estudantes permaneciam na sala do COUN, à espera de uma audiência com a reitora em exercício, Maria Tarcisa Silva Bega, onde seria entregue uma pauta de reivindicações (veja texto ao lado).

Foi o desfecho inesperado de um dia em que tudo levava a crer que seria mais tranqüilo que a quarta-feira, quando os estudantes tentaram entrar à força na reunião do conselho e foram reprimidos pelos seguranças e por agentes da Polícia Federal (PF). Ontem a PF não foi chamada, mas a reitoria pediu reforço na segurança particular do prédio – 51 homens guardando todas as entradas. "Em dias normais, apenas dois homens fazem a vigilância da Reitoria", contou Gerson Luiz Sofka, chefe da equipe.

A presença maciça dos seguranças, que portavam algemas e cacetetes, parecia que seria suficiente para intimidar manifestações mais agressivas ao longo dia. Ao mesmo tempo, lá dentro o conselho dava sinais de que aprovaria o pedido de sindicância – um dos pedidos dos estudantes. Os jovens se limitavam a cantar, gritar palavras de ordem e correr em volta do prédio central, além de pintar faixas e cartazes em defesa das investigações e contra a homologação de Moreira na lista tríplice.

Tudo ia bem até as 15 horas, quando a reunião foi encerrada. No momento em que duas conselheiras tentavam sair pela porta da frente, vários estudantes correram para forçar a entrada. Os seguranças se mobilizaram para impedir, houve empurra-empurra e os guardas passaram a desferir golpes de cacetete para dispersar os manifestantes. Aí o tempo fechou de vez: estudantes quebraram um dos vidros do prédio central e a porta também foi danificada no tumulto.

Depois de muita discussão, a reitora em exercício aceitou receber uma comissão de dez alunos. Os guardas abriram passagem para os escolhidos e, quando o último estava para entrar, os manifestantes partiram em massa para cima dos guardas e pelo menos outros 15 conseguiram invadir o prédio. Ao final, por volta de 45 estudantes ocuparam a sala do conselho, enquanto Maria Tarcisa se refugiava na direção do Hospital de Clínicas.

"Não estamos defendendo nenhum dos candidatos, apenas esperamos que haja uma investigação séria e isenta sobre as irregularidades denunciadas no processo eleitoral", resumiu por telefone o secretário-geral do Diretório Central dos Estudantes, o aluno de Ciências Sociais Bohdan Metchko, de 24 anos, que participou da ocupação.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]