Protesto reúne 2 mil na Boca Maldita
Aproximadamente 2 mil pessoas parciparam na manhã de sábado, no centro de Curitiba, um ato unificado liderado por mais de 60 entidades. Os manifestantes se reuniram na Boca Maldita e saíram em passeata, pouco depois das 11h, até a Praça Santos Andrade.
As reivindicações centrais do protesto foram a redução da tarifa do ônibus para R$ 2,60 e abertura da "caixa-preta" da URBS. O manifesto contou com outros pontos de pauta, definidos a partir de uma assembleia: reforma política, desmilitarização e reforma da Polícia, marco regulatório das comunicações, fim dos pedágios, redução da jornada de trabalho, auditoria da dívida pública, reforma agrária, autoria nos gastos da Copa 2014, mais recursos para a saúde e educação, moradias populares, hospitais; e ampla liberdade política, sexual e religiosa.
Reivindicação
Entre tantas bandeiras, melhorar a saúde é o principal pedido
Melhorar a saúde é a principal reivindicação dos curitibanos, mencionada como prioridade por 35% dos entrevistados, seguida do combate à corrupção e da redução da tarifa de ônibus, ambas com 20%. Já a educação e a segurança pública, outras reclamações recorrentes da população, foram citadas como causas prioritárias por apenas 4,5%. "É um sinal da crise endêmica no sistema privado de saúde. Essa é uma questão central no país em razão também da má fama do Sistema Único de Saúde", explica o sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Cézar Bueno.
Apesar de priorizar a saúde, o levantamento mostrou que 64% dos ouvidos concordam com todas as causas levantadas pelos manifestantes nas ruas do país. O estudo apontou ainda que 31% concordam com parte delas e apenas 0,71% discorda de todas. "As passeatas não são uma manifestação de crise [como na Europa]. É protesto para sair de algum lugar para melhor. Não se contesta o que já se conquistou", comenta.
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A impressão de que a insatisfação popular das ruas também representa um descontentamento geral ficou comprovada na última semana, em Curitiba, por uma pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo. O diagnóstico, realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, revela que 94% dos curitibanos apoiam as manifestações, apesar de 89% não terem ido às ruas. O levantamento foi realizado entre os dias 25 e 27 de junho. A margem de erro é de 5%.
INFOGRÁFICO: Veja o índice de aprovação dos protestos entre os curitibanos
Outra constatação é que as respostas dos governos municipal, estadual e federal às manifestações não estão sendo bem recebidas pela população. Para 45%, as reações dos governos após os protestos foram péssimas ou ruins. No caso específico da passagem de ônibus, mesmo reduzida para R$ 2,70 pela prefeitura, ela ainda é considerada cara por 60% dos entrevistados.
Para o sociólogo Dario Caldas, especialista em tendências socioculturais, as manifestações ocorridas mesmo após a diminuição de tarifas em Curitiba e outras grandes cidades comprovam que o preço das passagens foi apenas o "estopim" da revolta popular. "Os níveis de insatisfação estão muito enraizados", afirma.
Na avaliação dele, engana-se quem defende a tese de que as manifestações vão parar. "A situação clara é a de que os discursos políticos não bastam mais. A população aprendeu o caminho [das manifestações]", explica. Prova disso, segundo ele, foi a "correria" no Congresso Nacional para atender aos anseios da sociedade, como a rejeição da Proposta de Emenda Constitucional nº 37, conhecida como a PEC da Impunidade (que tirava o poder de investigação criminal do Ministério Público) e a aprovação do projeto que transforma a corrupção em crime hediondo.
Vandalismo
A força popular das manifestações é tamanha que, mesmo na pesquisa estimulada, quando é ressaltado o confronto com a polícia, 69% dos entrevistados defendem que o vandalismo não faz parte dos protestos. O sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Cézar Bueno ressalta que há, sobretudo, um amadurecimento da democracia causado pelo grito de insatisfação.
"Essas pessoas que estavam em casa, vendo pela tevê, se identificaram de tal forma com o que acontece nas ruas que se viram lá", pondera. Segundo ele, é como se os entrevistados realmente estivessem nas passeatas. Portanto, como são contrários ao vandalismo, não acreditam que seus representantes cometam esses atos.
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