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A Comunidade Gólgota, pequena agremiação evangélica fundada em 2000 pelo guitarrista Volmir de Bastos, o Pipe, hoje com 35 anos, conta com aproximadamente 150 seguidores (começou com nove) e se dedica a levar a palavra de Deus ao meio underground – metaleiros, punks, skatistas, amantes do hardcore e outras tribos urbanas. "Fiz teologia no seminário de missiologia de Foz do Iguaçu e não consegui me adaptar às igrejas daqui", lembra o hoje pastor (e ainda guitarrista) Pipe. "Por falta de opção começamos a nos reunir na minha casa." Hoje a comunidade tem sede em bairro nobre de Curitiba e é conhecida pelos shows de rock cristão que organiza.

Pipe foi punk e nunca deixou de gostar de rock pesado – mesmo depois da sua conversão à Igreja Presbiteriana, que ocorreu no carnaval de 1990, antes de ele completar 18 anos. "Na época joguei todos os meus discos fora, porque diziam que era música do diabo, e me arrependo disso até hoje", confessa.

A doutrina da Gólgota chama a atenção por ser bem mais "light" que as demais denominações evangélicas – muito embora eles aconselhem os fiéis a ter relações sexuais só depois do casamento ou de uma união estável, evitem o consumo de álcool, cigarros e entorpecentes e adotem práticas como as do dízimo.

Mas ao contrário de outras correntes evangélicas, ninguém será criticado por ouvir música "secular" [como eles chamam a música sem temática religiosa], ver filmes de Hollywood ou freqüentar casas noturnas. "Hoje a gente tem maturidade para entender que música é só música, é arte, e foi Deus quem nos deu o dom da arte. Só temos de ter discernimento para separar o que é bom do que não é. Só procuramos não ouvir músicas que falem diretamente do diabo", diz.

Ele também tem a resposta na ponta da língua aos evangélicos fundamentalistas, que torcem o nariz para a evangelização amparada na música "demoníaca": "Qual é o estilo musical de Deus? Pagode? Sertanejo? Música clássica? Canto gregoriano? A diferença está na inspiração, que pode ser divina, do diabo ou nem uma coisa nem outra, meramente humana."

Mesmo as idéias mais conservadoras ganham um verniz liberal na Gólgota. Um exemplo é a questão do sexo antes do casamento. "Procuramos seguir um conselho de Deus, dado para nos proteger. Proteger do cara safado que só quer transar com a menina, da gravidez indesejada, de doenças sexualmente transmissíveis", enumera.

Outro é o homossexualismo. "Temos uns cinco casos de homossexualismo na igreja e todos têm relação com abusos de parentes, problemas com o pai etc. São desvios emocionais, tratamos como um problema da alma da pessoa", descreve. Mas ele até se mostra disposto a compreender o homossexualismo inato: "A gente não pode ser um troglodita medieval e dizer simplesmente que é coisa do diabo. É preciso distinguir o homossexualismo".

A Gólgota também mantém um Ministério de Ação Social, que auxilia o leprosário, o orfanato Morada do Sol (para crianças soropositivas) e seis famílias residentes em favelas da capital. A contribuição de 10% de todos os rendimentos é ponto de honra. "Isso é padrão. Sobrevivemos do dízimo, e investimos no reino de Deus. Nossas contas estão abertas para quem quiser ver." (LP)

Serviço: Os cultos da Gólgota ocorrem às quartas (19h30), sábados (19 h, com show) e domingos, às 18 horas.

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