Pátio
Manobras serão feitas em área com araucárias
O projeto do metrô de Curitiba prevê a construção de um pátio de manobras e da central de controle de tráfego em uma área de mais de 350 mil metros quadrados no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O terreno pertence à empresa chilena Arauco do Brasil e tem uma área de mata com araucárias. O local deverá ser desapropriado e terá de ser desmatado.
"Nesse terreno há locais degradados, com o solo exposto, um povoamento de pínus, algumas manchas de vegetação nativa em estágio inicial e um pequeno fragmento de floresta secundária, com araucárias [...]. Esses ambientes abrigam animais silvestres, sobretudo aves", diz um trecho do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). O estudo sugere manter em pé o trecho de mata.
Segundo o diretor de Sustentabilidade da Arauco, Mário de Souza, há nove anos, a área está interditada pela prefeitura. Não pode ser vendida nem receber construções. Ele disse não saber o valor do terreno, mas, o projeto reserva até R$ 2,4 milhões para a indenização de áreas que serão utilizadas para a implatação do metrô.
Especialista critica omissão do Conselho de Transporte
Especialistas em mobilidade urbana reprovam a forma como a prefeitura de Curitiba vem conduzindo o processo de licenciamento ambiental prévio do metrô. Para eles, o fato de a prefeitura ter escolhido o período entre os meses de dezembro e janeiro para dar início ao processo de licenciamento ambiental e a inoperância do Conselho Municipal de Transportes são prejudiciais.
PAC 2 é a esperança de financiamento
Ainda há chance de o projeto de implantação do metrô de Curitiba ser incluído na lista de obras que serão financiadas pelo Plano de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). A informação é da Casa Civil do governo federal, mas Curitiba terá de disputar os recursos com projetos de outras cidades. O PAC 2 prevê investimentos de R$ 955 bilhões entre 2011 e 2014, dos quais R$ 18 bilhões seriam destinados a obras de mobilidade urbana.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba deu início em dezembro do ano passado ao processo de licenciamento ambiental prévio do metrô. Apesar de esta ser a fase para prestar esclarecimentos e informar a população sobre os impactos do metrô, pouca gente nos 20 bairros que serão afetados pelas obras e pelos 22 quilômetros da Linha Azul, entre o Pinheirinho e o Santa Cândida, tem conhecimento do projeto.
Por enquanto, comerciantes e usuários do transporte coletivo sabem pouco sobre o assunto. Só especialistas em mobilidade urbana e ativistas ligados à área conhecem detalhes do projeto. A Secretaria do Meio Ambiente terá de realizar uma audiência pública para conceder a licença-prévia com base no Estudo de Impacto Ambiental e no Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) desenvolvidos pela empresa Ecossistema. A audiência ainda não foi marcada e a divulgação terá de ser feita com 20 dias de antecedência. Até lá, os estudos podem ser consultados no site da prefeitura ou na sede da Secretaria do Meio Ambiente. Mas pouca gente sabe dessa possibilidade.
"Vão ter que consultar a gente, mas não falam nada", reclama Mirian Jesuíno da Silva, proprietária de uma loja no bairro Pinheirinho. Ela será uma das afetadas, já que a previsão é que as avenidas Wiston Churchill e República Argentina sejam fechadas para a circulação de veículos durante as obras. Isso significa transferir o tráfego para vias paralelas por tempo indeterminado.
Roseli Maia, dona de uma loja na região, também reclama da falta de informações. "Gostaria de participar [da discussão], mas não vi divulgação", diz. Ela não se opõe ao metrô, mas diz desconhecer o projeto e sabe que terá transtornos durante as obras. "Para quem depende [do movimento] da avenida, é feroz", afirma.
Nem o presidente da Associação dos Comerciantes da Macrorregião do Pinheirinho conhece detalhes do projeto, nem sabia que é possível acessá-lo. "Não estamos sabendo de nada", disse Irineu Christofoli, que é também dono de uma loja na região. Ele quer mobilizar os comerciantes e defende que o trajeto do metrô passe nas vias residenciais ao lado das avenidas Wiston Churchill e República Argentina. "A proposta é jogar [o metrô] pela via rápida. Mas temos que ver o projeto."
Já a vendedora Loreni Pereira da Luz, usuária do transporte coletivo, não vê vantagens no investimento. "Para que metrô?", questiona. "Eu pego um ônibus perto do terminal do Pinheirinho e em 20 minutos estou na Praça Rui Barbosa, no Centro."
O superintendente de Controle Ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Mário Rasera, pretende envolver as regionais da prefeitura para informar a população. "Vamos envolver as administrações regionais e pedir para as entidades comerciais divulgarem. Nos interessa ter toda a população envolvida." Rasera garante que as sugestões serão analisadas. "Alguns ajustes podem ser sugeridos por nós ou pela população." O projeto foi desenhado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e elaborado pelo consórcio Novo Modal, que engloba as empresas Trends, Engefoto, Esteio e Vega.
Serviço:
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) podem ser consultados no site da prefeitura: www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/consulta-eiarima-metro-curitibano-secretaria-municipal-do-meio-ambiente/467
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