• Carregando...
Ana Júlia Leite Tenório, de 7 anos, ora no túmulo de Maria Bueno | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Ana Júlia Leite Tenório, de 7 anos, ora no túmulo de Maria Bueno| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

Animais de estimação também são lembrados

Com a morte do seu cão, a pedagoga Sandra Fumagalli, de 53 anos, resolveu inovar. Em 2001, ela fundou o Jardim do Bom Amigo, único cemitério de animais da Região Metropolitana de Curitiba. Localizado em Colombo, o terreno de 14 mil m2 pode abrigar 3,5 mil sepulturas. Atualmente, tem 800 animais enterrados, com 1,8 mil jazigos já reservados pelos donos.

Leia a matéria completa

A família de Aurora Marchiori Leite, de 53 anos, não vai ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula, em Curitiba, no Dia de Finados apenas para visitar o túmulo dos entes queridos. Ela também pretende prestar homenagem a Maria Bueno, sua "santa" de devoção. "Tenho muita fé nela, consegui muitas dádivas", afirma. "Minha neta tinha um problema sério de sangramento no nariz. Pedimos a bênção dela e ela nos atendeu." Assim como dona Aurora, cerca de 100 mil pessoas devem passar amanhã pelos quatro cemitérios municipais da capital (São Francisco de Paula, da Água Verde, de Santa Cândida e do Boqueirão). Os portões ficarão abertos aos visitantes das 7 às 18 horas.

Somente o túmulo de Maria Bueno deve receber aproximadamente 3 mil visitas. Outros mortos "milagreiros", como são conhecidos pelos devotos, atraem fiéis em todo o estado: Maria Polenta, Corina Portugal, José Oswaldo e Clodimar Pedrosa, entre outros. "Geralmente são pessoas de boa índole, que tiveram uma morte trágica. A diferença é que os santos oficiais sacrificaram a sua vida pela religião", explica a professora de História das Religiões Solange Ramos de Andrade, da Universidade Estadual de Maringá.

História

Maria Bueno já foi tema de peças teatrais, novelas, livros e estudos. Recentemente teve sua história representada no programa Revista RPC, da RPC TV. Ela nasceu em Morretes, em 1864. "Em Curitiba trabalhou como doméstica. Era uma pessoa simples e alegre, que estava à frente do seu tempo, pois, ao contrário da maioria das mulheres da época, sabia ler e escrever e não se submetia aos homens", conta o vice-presidente da Irmandade Maria da Conceição Bueno, Marciel Colonetti.

A beleza dela teria atraído um policial chamado Diniz, mas ela o preteriu, pois era noiva. "O policial armou uma armadilha, mandando-lhe um bilhete em nome do seu namorado. Marcou um encontro, e no local tentou estuprá-la, mas ela não deixou. Isso fez com que o policial a degolasse", conta Colonetti.

Maria Trevisan Tortato, a Maria Polenta, viveu entre 1888 e 1959. Segundo Lucia Grochou, que é sua admiradora, Maria era uma senhora pobre, que ajudava as pessoas com seus "poderes" de cura. "A história mais divulgada fala sobre um jogador do Coritiba, com problemas no joelho, que procurou a curandeira. Ela teria pedido que o atleta a pagasse antes da consulta e depois que recebesse a cura. Após melhorar, o jogador não cumpriu o combinado e, no dia seguinte, não conseguia mais jogar", conta. Centenas visitam o seu túmulo, no cemitério da Água Verde, em busca de cura para males de saúde.

José Oswaldo Schieti nasceu em 1941, em Londrina. "No dia da primeira comunhão, o menino caiu de um caminhão e morreu. No livro de inumações consta fratura na têmpora como causa da morte", relata Débora Zanutto, que trabalha há 31 anos na Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina. Logo após o enterro, no Cemitério São Pedro, o túmulo do menino começou a jorrar água.

Outro santo popular é Clodimar Pedrosa Lô. De origem humilde teria sido morto brutalmente pela polícia após uma falsa acusação de um cliente do hotel no qual trabalhava. Desde a morte, em 1967, seu túmulo é o mais visitado no Dia de Finados no Cemitério Municipal de Maringá.

Há quase 140 anos, o túmulo de Corina Portugal é o mais visitado do Cemitério São José, em Ponta Grossa. Segundo o advogado Josué Correa Fernandes, autor do livro História de Sangue & Luz – Tragédia de Corina Portugal, a bela moça carioca, que chegou aos 18 anos na cidade, em 1867, teve a vida marcada pela violência e o alcoolismo do marido, Alfredo Campos, que a matou com 32 facadas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]