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“A gente vai combater a impunidade ambiental. Acabou a moleza. Preservem suas araucárias senão vai ser cana dura. Não tem conversa.” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
“A gente vai combater a impunidade ambiental. Acabou a moleza. Preservem suas araucárias senão vai ser cana dura. Não tem conversa.”| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mandou um recado ontem, em Curitiba, para aqueles que estão derrubando as florestas do Paraná. "A gente vai combater a impunidade ambiental. Acabou a moleza. Preservem suas araucárias, senão vai ser cana dura. Não tem conversa." O alerta foi feito enquanto ele rebatia as críticas de que a Operação Angustifolia teria sido exagerada. A operação, realizada em maio em 14 cidades paranaenses, contou com um efetivo de 223 agentes de seis estados brasileiros. Participaram homens da Polícia Federal, Ibama, Instituto Ambiental do Paraná, Força Verde e Polícia Militar. Foram aplicadas multas e empresários chegaram a ser presos.

Para Minc, o único exagero que houve foi na destruição da araucária. "Se nós chegamos ao ponto de ter 0,8% das matas de araucária que originalmente existiam ainda preservadas, eu acho que o exagero não é na operação. O exagero foi na devastação da araucária", disse. O ministro veio a Curitiba para o lançamento do Instituto Life e da certificação Life, que é uma ferramenta pioneira desenvolvida para reconhecer, medir e qualificar as ações que empresas adotam em prol da conservação da biodiversidade.

Minc garantiu que outras operações semelhantes serão realizadas porque "se fecharmos os olhos tudo volta a acontecer outra vez". Segundo ele, na época em que os agentes foram a campo saíam 40 caminhões por dia da região carregados de madeira e hoje saem 5. O ministro explicou que a meta para a Mata Atlântica é, em 20 anos, dobrar a área preservada, criando corredores de biodiversidade e combatendo o crime ambiental. "Nós antes só monitorávamos a Amazônia e hoje monitoramos todos os biomas brasileiros. Na primeira revisão do plano brasileiro de mudanças climáticas, no fim do primeiro semestre do ano que vem, nós vamos ter metas de redução do desmatamento em todos os outros biomas, além da Amazônia", disse.

Outro patamar

O ministro insistiu na importância de combinar a repressão com a valoração da floresta em pé. Ele citou o caso da Operação Arco Verde, realizada na Amazônia. Minc contou que o ministério reuniu os 43 prefeitos dos municípios que respondem por 55% do desmatamento na região e ofereceu a eles opções como crédito para a piscicultura e orientações para a agricultura de alto rendimento e baixo impacto. "A Operação Arco Verde levou para outro patamar a luta contra o desmatamento. Tem de dar alternativas", completou.

Outro caso, citou Minc, foi o pacto fechado recentemente com os agricultores familiares. Para o ministro, eles tinham razão quando reclamavam da exigência de averbação da reserva legal (os 20% de florestas que devem ser mantidos na propriedade) porque o governo pedia que o agricultor pagasse R$ 3 mil pela averbação e, se ele não fizesse, era multado. "Aos 44 minutos do segundo tempo decidimos que a averbação passa a ser instantânea e gratuita", afirmou o ministro. De acordo com ele, foi por causa desse tipo de falta de flexibilidade que o estado de Santa Catarina chegou ao ponto de editar seu próprio Código Florestal, que tem impacto sobre o meio ambiente.

Proteção

O ministro citou também o caso das espécies da fauna ameaçadas de extinção. Segundo ele, o número saltou de 240 para 620 em 15 anos. "A causa é o avanço da monocultura, dos agrotóxicos, que matam insetos, que alimentavam pássaros. Na falta dos insetos, os pássaros deixam de existir". Minc também mencionou os casos da caatinga e do cerrado. No primeiro caso, somando as unidades de conservação estaduais e federais, não há mais do que 8% de área protegida. No caso do cerrado, o porcentual é de 9%. "Temos pouca proteção", disse o ministro.

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