A contratação de um advogado - por parte do Consulado Geral do Brasil em Nova Iorque - para cuidar exclusivamente do desaparecimento da estudante Carla Vicentini, 22 anos, foi por hora descartada. A informação foi dada pelo consulado na manhã desta terça-feira. A paranaense está desaparecida desde 09 de fevereiro, quando foi vista saindo de um bar em Newark, no estado americano de New Jersey.
Por email, o consulado informou que "o Chefe da Divisão de Assistência Consular do Ministério das Relações Exteriores, acha prematura a contratação do advogado para acompanhar o caso". O motivo, ainda com base no email, é que o caso está na fase de investigação e, desta maneira, o advogado pouco poderia fazer. "Ele (advogado) nada mais poderia fazer do que observar a evolução do trabalho das autoridades policiais locais", explica o consulado.
Quem não gostou da "novidade" foi o deputado federal paranaense Hermes Parcianello (PMDB), que durante sua estada nos EUA teve a garantia do consulado de que o advogado seria contratado. "Não gostei mesmo. Tanto é que estou formalizando um ofício para o Ministério e o Itamaraty com cópia para o consulado", disse.
"Vou pedir que eles me relatem casos que houve a necessidade de contratar um advogado. Quero comparar os casos", completou o parlamentar.
Família
Para Tânia Vicentini, mãe da paranaense desaparecida, a contratação deve ser feita somente se realmente o advogado puder intervir no caso. "Eu não sei o que o advogado poderia fazer, mas se for para somente acompanhar o trabalho da polícia, não vejo necessidade, pelo menos nesse momento", opina.
Criminalista
A reportagem consultou o presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas (Abrac), Elias Mattar Assad, que contesta a decisão do Ministério. "Nenhum aparato oficial (polícia, Ministério Público) funciona de forma tão eficiente para dar o luxo de dispensar ajuda", disse Assad. "Na minha opinião, a contratação auxiliaria muito neste caso", completou.
De acordo com o presidente da Abrac, nos EUA a concepção de advocacia criminal é diferente da brasileira. "Lá (EUA) é muito comum que escritórios de advocacia contratem empresas de investigação para buscar provas da existência do crime e da autoria", explica. "Além disso, uma das funções do advogado é estimular o trabalho do órgão oficial (neste caso a polícia) na elucidação do caso", completou Assad, justificando a contratação.
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