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Brasília – A ministra da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, causou polêmica ontem ao dizer que considera natural a discriminação dos negros contra os brancos. A declaração foi dada durante entrevista à BBC Brasil durante um programa para lembrar os 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico, fato histórico tido como o ponto de partida para o fim da escravidão em todo o mundo.

"Eu acho natural que tenha (racismo de negros contra brancos). Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos", disse a ministra. "Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros."

Ela ainda disse achar natural que negros não queiram conviver com brancos. "A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou."

Matilde também disse entender que o Brasil é um país de racismo velado. "No Brasil, o racismo não se dá por lei, como foi na África do Sul. Isso nos levou a uma mistura. Aparentemente todos podem usufruir de tudo, mas na prática há lugares onde os negros não vão. Há um debate se aqui a questão é racial ou social. Eu diria que é as duas coisas."

A ministra também afirmou que vai demorar até que as políticas públicas implantadas nos últimos anos comecem a dar resultados concretos e diminuam a diferença econômica e social entre as populações branca e negra do país.

De acordo com as estatísticas, a proporção de negros abaixo da linha da pobreza na população brasileira é de 50%, enquanto entre os brancos é de 25%.

Matilde também defendeu a polêmica distinção, nos formulários do Sistema Único da Saúde (SUS), entre brancos e negros. Ou seja, a população atendida passaria a ser classificada de acordo com a cor. "Precisamos ter referência do que adoece e morre a população brasileira, para poder ter programas específicos", justificou ela. Com essa classificação racial, ficaria mais fácil descobrir quais doenças mais acometem negros e brancos e, assim, planejar políticas sanitárias específicas para cada grupo. Os críticos da proposta dizem que ela vai oficializar a divisão de raças no país.

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