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Brasília – O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou ontem, durante sessão plenária transmitida pela TV Justiça, o ex-presidente da Corte Maurício Corrêa de fazer tráfico de influência numa ação milionária que tramita no STF sobre desapropriação de terras. O episódio criou um clima de constrangimento no tribunal. Advogado de um dos envolvidos na causa, Corrêa reagiu rapidamente: foi pessoalmente ao Supremo provar que está autorizado a atuar no processo e disse que estuda tomar providências contra Barbosa.

O estopim do desentendimento ocorreu durante o julgamento de uma reclamação da União contra decisões judiciais que liberaram quase R$ 100 milhões para uma indenização por desapropriação de terras no Paraná. Durante o julgamento, um dos advogados da causa pediu para falar. Joaquim Barbosa indagou se ele era o advogado. "O advogado não é o ministro Maurício Corrêa?", perguntou Barbosa.

"Ele tomou a liberdade de ligar para a minha casa pedindo urgência para esse caso", informou o ministro no plenário. "O tribunal precisa tomar medidas sérias com relação a esse tipo de tráfico de influência", acrescentou. "Se ele está atuando indevidamente está praticando tráfico de influência", concluiu. Corrêa, que não estava no STF, apareceu em minutos no tribunal. Ele entregou documentos para a presidente do Supremo, Ellen Gracie, que provam que é advogado na causa. Ellen Gracie comunicou o fato ao plenário e encerrou a sessão.

"Achei que foi uma descortesia, uma irresponsabilidade de um ministro que ficou com os autos por bastante tempo", afirmou Corrêa durante entrevista concedida a jornalistas. O ex-presidente do STF disse que Joaquim Barbosa não leu direito o processo. Caso contrário teria visto que ele era advogado de um dos envolvidos no processo.

Corrêa confirmou que ligou para Barbosa para saber se havia uma previsão de data para julgamento da ação. "Sou um cidadão brasileiro, sou inscrito na OAB. Ninguém tem nada a ver com a minha vida. Muito menos o senhor Joaquim Barbosa", disse Corrêa.

"Estou pensando em tomar providências contra ele sim", afirmou o ex-presidente do STF. Entre as hipóteses estudadas está uma representação contra Barbosa.

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