O ministro Ricardo Lewandowski ficou isolado ontem no julgamento da denúncia no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao defender indiciados, ele chegou a ser massacrado pelos demais colegas no plenário. Nem a ministra Cármen Lúcia, com quem fofocou e trocou confidências na semana passada pela intranet, fez coro com ele na tentativa de desqualificar a denúncia de crime de formação de quadrilha contra aliados do governo.
Na semana passada, o grupo dos que votavam contra o relator do caso mensalão, Joaquim Barbosa, era formado também por Eros Grau e Gilmar Mendes. Ontem, Lewandowski ficou sozinho em boa parte das votações. Foi assim ao examinar a denúncia de formação de quadrilha contra representantes do PP. "É preciso ter fatos comprovados para abrir processo", disse Lewandowski, um ministro ligado ao jurista de esquerda Dalmo Dallari que trabalhou anos na prefeitura de São Bernardo do Campo, cidade berço do PT. "A expressão formação de quadrilha, empregada no sentido popular e veiculada à exaustão pelos veículos de comunicação, não está esclarecido na denúncia", disse. "Essa corte não pode se render ao óbvio."
O ministro Joaquim Barbosa abriu a série de contra-ataques a Lewandowski. "O seu voto é absolutamente formalista", disse Barbosa. "Se isso (denúncia contra representantes do PP) não pode ser considerado crime de formação de quadrilha, vamos ter muitas dificuldades pela frente. "Não, não, não", reagiu Lewandowski. O ministro Cezar Peluso ajudou a bater: "Dizer que a denúncia não apresenta fatos comprovados é pura especulação, com todo respeito ministro Lewandowski."
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