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| Foto: Albari Rosa/gazeta do povo

Dentro da avaliação da educação infantil, que começará a ser feita em 2016 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), serão verificados os espaços, mobiliário, equipamentos e materiais disponíveis de cada estabelecimento de ensino. O cuidado com os móveis é uma forma não só de garantir a saúde e o bem-estar dos pequenos, mas também de contribuir para que aprendam e se desenvolvam melhor.

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Brincadeira levada a sério

A Pimpão foi uma das empresas expositoras do 3º Congresso Nacional de Educação Católica, que ocorreu em julho em Curitiba. Na ocasião, Maria Estelita (foto) convidava os adultos a conhecer o mobiliário. “O professor precisa brincar, sentir o brinquedo, ou então não conseguirá transmitir nada para a criança”, diz.

Inclusão

O mobiliário precisa contemplar ainda a inclusão de crianças com necessidades especiais. “Para o aprendizado de qualidade, a criança precisa estar incluída em todos os aspectos, e ter condições de usar os equipamentos da escola”, diz a fisioterapeuta Franciane Codogno.

Autora do livro Sabores, cores, sons, aromas – A organização dos espaços na educação infantil, a doutora em Educação Maria da Graça Souza Horn explica que há dois eixos fundamentais nessa etapa: brincar e interagir. “Isso tem tudo a ver com a organização do espaço e o material que você coloca lá, se vai facilitar o relacionamento e interação da criança, se é um espaço nobre ou se tem apenas cadeiras e mesas”, diz.

“O espaço e o mobiliário são parte do contexto educacional. Qualquer imagem tem um significado. Com os móveis da escola também é assim”, explica a arquiteta Adriana Freyberguer, doutora em Educação.

Maria da Graça diz que o ideal é que os móveis escolhidos sejam modulares e tenham rodízio com travas, para facilitar mudanças. “A sala de aula precisa ser modificada a partir das necessidades da criança, que se transforma bastante ao longo do ano. Se um bebê começa a frequentar a creche com 4 meses em março, até dezembro terá completado 1 ano. A criança não é mais a mesma, suas necessidades mudaram totalmente.”

Desenvolvimento

Para a sala de aula valorizar a autonomia da criança, por exemplo, a estante precisa ser baixa, acessível. Se colocar uma prateleira no alto, ela não consegue alcançar nada. “Às vezes não é nem o material que está dentro que ela quer ver. O movimento de abrir e fechar para ver o que tem dentro, mesmo sem pegar, já é importante”, afirma Adriana, que é sócia da loja de móveis artesanais Oficina de Brincar, de São Paulo.

Maria Estelita Chaves, consultora pedagógica da Pimpão Playgrounds e Materiais Pedagógicos, de Curitiba, diz que o móvel pode até contribuir na boa alimentação. “Se colocamos maçãs dispostas numa estante colorida, ao alcance da mão da criança, mesmo que ela não goste de maçã, ela se interessa, e logo está comendo por conta própria.”

Segundo Maria Estelita, os móveis coloridos e bem feitos ajudam a desenvolver a criatividade, a formação de estratégias e a psicomotricidade das crianças. “Quanto mais colorido, mais lúdico, interessante, mais vai desenvolver a parte cognitiva da criança.” Formas também são interessantes. “Uma mesa com design mais arredondado incentiva trabalhos em grupo e a integração das crianças”, acrescenta.

Desafio maior está na rede pública

A preocupação com a ergonomia, estética e qualidade dos materiais deve ser observada por todas as escolas, inclusive as públicas. Para orientar os municípios, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) criou um manual para mobiliário e equipamentos de creches e pré-escolas do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância).

A arquiteta Adriana Freyberguer defende que os órgãos públicos comprem o melhor material possível. “Não adianta querer economizar, pois uma hora isso vai refletir na educação. O barato sai caro. É preciso cuidado na hora da licitação. Saber que material similar não é igual, é só parecido”, explica. O que ocorre, porém, é que em muitos casos a licitação demora a se concretizar, e quando chega o móvel, o professor acaba se contentando, mesmo não sendo o ideal.

Mas o Ministério da Educação (MEC), em publicações a respeito da educação infantil, ressalta a importância das boas escolhas. Um dos teóricos sobre a organização escolar, o italiano Loris Malaguzzi, dizia que o mobiliário e as paredes fazem parte do ambiente educativo. “É como se um ‘segundo adulto’ auxiliasse continuamente a educação no seu agrupamento”, explica o Manual de Orientação Pedagógica de Brinquedos e Brincadeiras de Creches, desenvolvido pelo MEC. (RF)

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