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Sustentar um modelo onde os princípios da participação e colaboração são fundamentais não é fácil. Segundo os diretores das cooperativas educacionais, como o modelo de administração é diferenciado, alguns pais, quando se associam, demoram um pouco para absorvê-lo. Outra dificuldade é fazer as pessoas se habituarem ao trabalho conjunto, que é próprio das cooperativas.

O que torna o problema menos grave é o perfil de associados que as cooperativas educacionais costumam atrair. "O pai que decide participar de uma cooperativa é diferenciado por natureza e mais preocupado com a educação dos filhos", diz Marcos Henrique dos Santos, diretor da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e representante do cooperativismo educacional na Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).

Além dos problemas relacionados a forma de administração e participação, o sistema de cooperativa educacional também pode trazer riscos em relação às contas. Isso porque, quando a conta não fecha no final do ano, o prejuízo é coberto mediante o rateio das despesas entre os cooperados.

A tributação, considerada excessiva para o sistema cooperativista, também é um entrave. "São 31% de [contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social] INSS – 20% de contribuição da Cooperativa e 11% descontado do sócio cooperante. É um desconto que sai de todos nós", diz Maria Ivoneide Bezerra Pereira, diretora da Coopere, que administra a Escola Um.

Além disso, a cooperativa é tributada quando pratica atos com terceiros. Já os cooperados são tributados pelo Imposto de Renda (IR) porque recebem a renda da cooperativa, explica Paulo Stöberl, da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar).

Santos defende que o governo deveria dar um tratamento diferenciado ao cooperativismo. "A maior despesa de uma escola é a folha de pagamento e os pais não têm benefícios, por exemplo, de abater IR", diz.

Santos ainda diz que o governo poderia ter um programa de incentivo à formação de cooperativas. Não há, por exemplo, um programa de apoio para financiamento de cooperativas. Para Paulo Stöberl, da Ocepar, em alguns ramos é mais vantajoso, do ponto de vista do valor do tributo, não ser cooperado.

Boom

As 302 cooperativas educacionais brasileiras reúnem 57.547 associados e 3.349 empregados. Elas podem ser cooperativas de pais; cooperativa de pais e professores; cooperativa de alunos ou apenas de professores. Hoje, a cooperativa de pais predomina no Brasil.

Santos conta que as cooperativas educacionais tiveram um boom na década de 90, período em que o país atravessava uma crise com o custo do ensino. Vinte anos depois, o sistema se mantém, embora o setor não esteja em expansão como no passado.

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