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Ensopado com chuchu e pirão de feijão. No macarrão, no pastel ou como caldinho, o berbigão era iguaria dos ilhéus desde que os açorianos povoaram a ilha de Santa Catarina. Mas esse molusco, que nasce em areias lodosas e por centenas de anos garantiu a sobrevivência de famílias extrativistas, está desaparecido de Florianópolis. A esperança era de que o molusco se regenerasse naturalmente, o que não aconteceu. A hipótese mais provável da extinção é a contaminação das baías Norte e Sul de Florianópolis.

Os extrativistas insistem que o responsável foi o vazamento de um óleo tóxico da subestação das centrais elétricas do estado, em 2012.

“Esse era o prato mais típico da ilha. Era comida de pobre e atualmente é iguaria, oferecido nos restaurantes como vôngole”, diz Nivaldinho Machado, cozinheiro e dono do Sorrentino, ponto de encontro de Florianópolis. Para oferecer o prato em eventos especiais, Nivaldinho precisa comprar de outros lugares. Daí o quilo que custava R$12 vai a R$ 40.

Os pesquisadores do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) entraram em alerta em 2015, quando foi registrada mortandade de 95% dos moluscos em uma área de 17 hectares na baía Sul. Eles se regeneraram por alguns meses, mas não resistiram e, em abril do ano passado, foram classificados como extintos.

A solução de produção em laboratório é estudada, mas, além de exigir alto investimento, pode não dar certo. Coincidentemente, a festa de carnaval mais tradicional da cidade – o Berbigão do Boca – não será realizada após 25 anos. Para compensar os foliões, os organizadores, em parceria com o Senac, lançaram o livro Berbigão do Boca - Receitas que Fazem História, com 59 pratos típicos.

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