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As primeiras casas começaram a ser construídas em 1992 na área do antigo lixão | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
As primeiras casas começaram a ser construídas em 1992 na área do antigo lixão| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Foz do Iguaçu - A tragédia do Morro do Bumba, em Niterói (RJ), onde um deslizamento matou 43 pessoas, chamou a atenção para outras áreas em que pessoas moram em terrenos de antigos lixões. Em Foz do Iguaçu, 70 famílias se encontram nessa situação. Vivem há quase duas décadas numa área sobre o antigo lixão da cidade. A prefeitura promete que elas serão removidas para dois novos loteamentos.

Segundo o diretor-superintendente do Instituto de Ha­­bitação de Foz do Iguacu (Foz­habita), Edson Stumpf, a remoção para os loteamentos Vale do Sol e Lagoa Azul, na saída na cidade, não tem ligação com a tragédia de Niterói. "Apesar de condições diferentes, não podemos descartar, por exemplo, uma explosão causada pelos gases produzidos pelo lixo. Além disso, aquelas pessoas estão vivendo em condições insalubres", afirmou. Em Niterói, além das chuvas, a explosão do antigo lixão foi responsável pelo deslizamento.

A liberação dos recursos para a relocação vinha sendo negociada com o governo federal desde 2007. No total, com a contrapartida do município, serão investidos cerca de R$ 2,25 milhões para a construção das novas casas e a recuperação da área degradada. O edital para a execução das obras será lançado nessa semana.

O terreno próximo ao bairro Arroio Dourado abrigou o antigo lixão da cidade por quase 20 anos. O lixão só foi totalmente desativado em 1996, quando passou a funcionar o atual aterro sanitário. A ocupação da área teve início em 1992, quando as primeiras famílias de catadores começaram a se instalar no local. As casas contam com serviços de distribuição de água – de um poço artesiano comunitário – e energia elétrica. A região é atendida pelo sistema público de transporte e há uma escola próxima.

Uma das primeiras moradoras da área, Etelvina Souza, 53 anos, disse que não gostaria de deixar a casa, mesmo sabendo dos riscos. "Aqui não tenho problema com segurança. Tenho luz e com R$ 10 por mês tenho água do poço artesiano. Se fosse para vender a casa e o terreno, não venderia por menos de R$ 25 mil. Acho difícil outras famílias aceitarem sair." De acordo com Stumpf, o trabalho agora será de convencimento e, caso haja resistência, o Minis­tério Público será acionado para retirar as famílias. Os beneficiados deverão pagar R$ 60 por mês à Caixa Econômica Federal por 20 anos.

A construção das novas moradias e a recuperação da área consumirão R$ 1,79 milhão do Mi­­nistério das Cidades, mais R$ 448 mil dos recursos municipais. Em seis anos, a prefeitura entregou cerca de mil casas e está construindo outras 1,1 mil destinadas à população que mora em áreas de risco. Estimativas apontam que o déficit habitacional de Foz chega a 6 mil casas e que seriam necessários R$ 240 milhões para a compra de terrenos, investimento em infraestrutura e construção.

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