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Hospital de Piraí do Sul: depois de morte de paciente, vigia foi contratado para monitorar o fluxo de pessoas nos corredores | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Hospital de Piraí do Sul: depois de morte de paciente, vigia foi contratado para monitorar o fluxo de pessoas nos corredores| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Casos recentes no PR

Pelo menos cinco histórias de agressões ligadas a atendimentos médicos foram registradas neste ano. Veja:

21 de fevereiro – Uma dona de casa, de 40 anos, foi presa por policiais militares, em Telêmaco Borba, poucas horas depois de seqüestrar uma recém-nascida do Hospital e Maternidade Doutor Feitosa. Maria Aparecida Antunes de Miranda levou a menina, depois de fingir visitar a mãe do bebê.

27 de fevereiro – Um vendedor de 42 anos agrediu a golpes de estilete um médico e uma atendente, no interior de uma clínica, em Santo Antonio da Platina, no Norte Pioneiro.

7 de maio – Na tentativa de assalto a um carro-forte na porta do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, houve tiroteio e um dos ladrões foi morto, enquanto um segurança ficou gravemente ferido. A unidade hospitalar estava lotada, mas ninguém mais chegou a ser atingido pelos disparos.

30 de junho – Um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi agredido com um golpe de machado na cabeça quando atendia um homem de 63 anos, portador de transtornos mentais. O médico teve ferimentos graves.

30 de junho – Dois homens invadiram o Hospital Cristo Rei, em Ibiporã, Norte do Estado, e após ameaçarem os funcionários, incluindo o médico de plantão, mataram a tiros um homem que estava internado havia alguns dias após sofrer atentado.

Instituição tinha vigia até 2005

O Hospital Municipal de Piraí do Sul contava com um vigilante até 2005. Mas a prefeitura decidiu transferir o funcionário para outro setor, deixando o único hospital da cidade sem nenhum profissional de segurança. Sem alguém para controlar o fluxo de pessoas, um cortador de pínus aproveitou que uma idosa estava sozinha na enfermaria para abusar sexualmente dela e espancá-la, na madrugada de sexta-feira.

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Ponta Grossa - A morte de uma idosa, vítima de violência sexual e espancamento dentro de um hospital, expõe a vulnerabilidade de unidades de saúde. O caso, ocorrido no fim de semana em Piraí do Sul, nos Campos Gerais, é apenas o mais recente. São várias as ocorrências registradas no Paraná nos últimos meses, envolvendo pacientes e profissionais da área de saúde (veja quadro).

Para o presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PR), Montgomery Pastorelo Benites, se todas as unidades de saúde cumprissem a lei e tivessem quantidade suficiente de enfermeiros e auxiliares os pacientes estariam mais seguros. "Não resolveria o problema da violência, mas diminuiria os casos. Sempre haveria alguém por perto, alerta, capaz de observar se está tudo bem, se há algum estranho rondando e até de chamar ajuda", diz.

O Hospital Municipal de Piraí do Sul, por exemplo, tem apenas uma enfermeira, que trabalha oito horas diárias. No restante do tempo, contrariando as normas técnicas, a unidade fica sem um enfermeiro responsável. Benites também salienta que o número de auxiliares de enfermagem precisa ser proporcional à quantidade de leitos. "Se as profissionais não estão sobrecarregadas de trabalho, podem cuidar melhor dos pacientes", afirma. No total, 23 auxiliares trabalham no hospital. À noite, somente quatro auxiliares se revezam no atendimento às diversas áreas. O hospital é o único da cidade e atende aproximadamente 300 pessoas por dia.

Para o Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), a sucessão de casos de violência contra profissionais de saúde em ambientes de trabalho é motivo de preocupação. O assunto está sendo debatido em uma comissão interna, levando em consideração que muitos casos de violência são imprevisíveis, mas também que há alternativas para melhorar a sensação de segurança. De acordo com o CRM-PR, não é possível generalizar, já que existem estabelecimentos que controlam atentamente a circulação de pessoas.

Somente quando casos de violência acontecem é que fica evidente a falta de segurança em muitos hospitais. O diretor clínico do Hospital Municipal de Ponta Grossa, Antônio Sobrero, reconhece que apenas depois que um caso grave de violência aconteceu na unidade é que as preocupações com segurança foram levadas mais a sério. Em agosto de 2006, dois pacientes que estavam com transtornos psiquiátricos foram colocados no mesmo quarto. Eram um homem e uma mulher. O homem, de 44 anos, aproveitou que não havia ninguém por perto e que a paciente estava sedada para estuprá-la.

"Até então, tínhamos uma segurança patrimonial. E a partir daquilo passamos a nos atentar mais para o fluxo de pessoas e para o que estava acontecendo dentro do hospital", conta Sobrero. Depois do caso, a unidade é vigiada por seis guardas municipais, com controle na circulação de pessoas e algumas entradas são fechadas depois das 20 horas.

A Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar) alega que, em grandes centros, os investimentos em segurança são visíveis. Prevenção de doenças e casos rumorosos de raptos de crianças levaram à estruturação. Já em pequenas cidades, a capacidade de investimento é menor, dificultando a destinação de recursos para o sistema de segurança. A federação também destaca que alguns casos de violência são imprevisíveis e praticamente impossíveis de evitar e que a recomendação é de que crianças, deficientes mentais e idosos devem receber atenção especial. A Fehospar destaca que a estrutura pública de segurança deve ser acionada em situações específicas, como quando estão internados pacientes vítimas de atentados e sobreviventes de chacina.

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