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O cantor Nelson Ned morreu ontem aos 66 anos, devido a complicações de um quadro de pneumonia. Desde o último dia 24 de dezembro, ele estava registrado na casa de repouso Recanto São Camilo, na Granja Viana, em Cotia (SP), onde recebia diariamente a visita de uma irmã e do cunhado.

Nelson Ned nasceu em Ubá (MG) em 2 de março de 1947. Nos anos 60, iniciou carreira e gravou discos que repercutiram, inclusive, na América Latina. Seu maior sucesso é a canção "Tudo Passará", de 1969. Essa música teve mais de 40 regravações. Em 1996, lançou a biografia "O Pequeno Gigante da Canção", referência à sua condição de anão. Ele media 1,12 m de altura.

O artista sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2003, perdeu a visão de um olho e precisou se locomover com a ajuda de uma cadeira de rodas, além de enfrentar diabetes, hipertensão arterial e foi diagnosticado também com mal de Alzheimer em fase inicial.

Repercussão

A morte repercutiu em toda a América Latina. A TV venezuelana Globovisión destacou que Ned foi o primeiro latino-americano a vender 1 milhão de discos nos Estados Unidos. A rede CNN também se lembrou do cantor. O jornal venezuelano "El Mundo" disse que ele "se consagrou como uma das vozes românticas mais famosas do Brasil". O mexicano "El Universal" relembrou que uma decepção amorosa levou-o a escrever poemas que mais tarde se transformariam em canções de sucesso.

Autor do livro "Eu Não Sou Cachorro, Não! Música Popular Cafona e Ditadura Militar", o escritor Paulo Cesar de Araújo destacou o aspecto singular das canções de Nelson Ned. "Foi um gigante da música brasileira, autor de canções que estão no inconsciente coletivo nacional. Foi um compositor original, nos temas que abordou, na maneira como abordou."

Entre os inúmeros fãs que Ned está o escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura. "Os intelectuais brasileiros se surpreendiam com as declarações de García Márquez sobre Nelson Ned", diz Araújo. Nelson Ned sofreu preconceito das elites culturais do país.

"Ele era uma das pessoas mais inteligentes que conheci. Tinha um raciocínio rápido, tiradas de humor, fantástico. Fez sucesso na América Latina, nos Estados Unidos, no México, na África, foi astro internacional. Só que, no Brasil, havia preconceito contra o brega."

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