Mangueirinha O sepultamento do índio Tucanambá José Paraná, 61 anos, o Tuca, até então, um dos sete xetás sobreviventes no Brasil, foi acompanhado ontem no cemitério da Reserva Indígena de Mangueirinha, no Sudoeste do estado, por cerca de 300 pessoas, entre familiares e apoiadores da causa indígena. Tuca estava internado há sete dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, de Curitiba, vítima de um derrame cerebral, que o levou à morte na última segunda-feira. Agora, os seis sobreviventes e 92 descendentes da etnia lutam para ver realizado um sonho nutrido desde 1999: a criação de uma reserva indígena.
O corpo de Tuca chegou no fim da tarde de segunda-feira à reserva de Mangueirinha e foi recebido pelos filhos José Ubirajara, Indiana e Indiora, além da ex-esposa, Belarmina Luiz Paraná, e dos xetás puros. Ontem pela manhã, o padre Diego Giuseppe Pelizzari realizou missa de corpo presente nos moldes da cerimônia católica. O enterro foi por volta do meio-dia. Uma coroa de flores e velas foram depositadas na vala para homenagear o líder xetá. Tuca morava na Reserva de Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, Sudoeste do estado, mas seu sepultamento ocorreu em Mangueirinha devido à moradia de seus filhos.
Tiquem Xetá, sobrinho de Tuca e um dos sobreviventes da etnia, afirmou que a morte do tio não representará o fim da luta pelo reconhecimento de uma reserva. Antes de ser internado, quando já estava com a saúde debilitada, Tuca e seus familiares redigiram um documento endereçado à Fundação Nacional do Índio (Funai) cobrando a agilização no processo.
Um encontro da etnia já foi marcado para os dias 6, 7 e 8 de outubro deste ano, no Centro de Formação Indígena Juan Diego, em Guarapuava, na Região Central do estado, com os sobreviventes e os 92 descendentes que hoje residem no Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo. A criação da reserva estará em pauta. Para o mais novo dos xetás, Rondon Xetá, 42 anos, o encontro será uma oportunidade de todos se unirem. Maria Rosa Brasil Tiguá, prima de Tuca, também participará da reunião. "É muito importante para o nosso povo, porque assim estaríamos unidos em nossa cultura", afirma.
Hoje, os xetás puros e descendentes vivem em reservas de outras etnias e em bairros urbanos. Um estudo já concluído indica que a melhor área para a criação da reserva seria na região de Umuarama, mesmo local onde a etnia teve os primeiros contatos com os brancos, na década de 40.
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