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As mortes de sete bebês no Paraná desencadearam uma investigação nacional sobre problemas em compostos usados na alimentação intravenosa de recém-nascidos. Na primeira semana de dezembro, cinco prematuros morreram em três hospitais de Curitiba, alertando para indícios de surto infeccioso. Mais duas crianças faleceram em circunstâncias semelhantes em Apucarana, na Região Norte do estado. Outras três teriam se contaminado na capital, mas foram tratadas a tempo.

Moacir Gerolomo, diretor de saúde ambiental, que também abrange a vigilância sanitária de Curitiba, acredita que a tragédia só não foi maior porque medidas foram imediatamente tomadas. "Quando registramos três mortes seguidas, acima de qualquer estatística, vimos que tinha algo errado", conta. Começou então o trabalho de cruzamento dos prontuários médicos de todos os recém-nascidos hospitalizados. O único ponto coincidente entre as crianças que desenvolveram infecção generalizada foi a nutrição parenteral – combinação de vários nutrientes dada aos pacientes que não conseguem se alimentar por via oral. "Ainda não temos certeza sobre qual o composto estava com problemas, mas já sabemos que se trata da alimentação", diz.

O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, laboratório do governo federal localizado no Rio de Janeiro, está realizando testes em amostras enviadas de vários produtos. O resultado será entregue nos próximos 15 dias. Situações suspeitas foram detectadas também no estado de São Paulo, mas a quantidade de crianças contaminadas e as cidades onde aconteceram os casos não foram divulgadas. O gerente de fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Augusto Simi, relata que a investigação ainda não é conclusiva em nenhum aspecto, mas que há indícios de relações entre as mortes.

De acordo com Gerolomo, todos os bebês desenvolveram sepse grave – infecção generalizada que leva à falência múltipla de órgãos. O quadro culmina com hemorragia pulmonar e paradas cardio-respiratórias. A suspeita é de que a contaminação por uma bactéria tenha feito o organismo das crianças produzir toxinas que o sistema imunológico afetado não conseguiu suportar, especialmente porque eram todos prematuros, com menos de 1,5 quilo.

O diretor avalia que algumas crianças que receberam o composto alimentar contaminado não chegaram a adoecer porque estavam em condições imunológicas mais estáveis. O uso de diversos produtos da nutrição parenteral foi suspenso temporariamente e as mortes cessaram. "A situação está sob controle", assegura. A vigilância sanitária optou por não divulgar o nome dos hospitais onde os casos aconteceram para não criar um clima de pânico e preocupação – já que o surto está contido – e para não prejudicar as instituições, que não teriam responsabilidade alguma no ocorrido.

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