Ao ouvir a porta de um caminhão de bebidas fechando, Maria (nome fictício) leva um susto. "Menina, vivo assim todo o dia", diz. Depressiva, toma remédio diariamente. Depois da chacina do último sábado, sua vida está entre o medo e a obrigação. Inspetora de alunos em uma das cinco escolas do bairro, conhecia algumas das pessoas que foram mortas. É a última a sair da escola, por volta das 23 horas, e mesmo morando há poucas quadras do trabalho sente o coração "na boca" cada vez que precisa sair. "Na escola me sinto muito segura, mas a vida nunca mais vai ser igual".
Os estudantes também estão pensando duas vezes para frequentar o curso noturno. Ontem, a direção estimou que 100 alunos estiveram nas aulas noturnas, que foram encerradas às 21h30. Na segunda-feira, os 280 alunos não foram à escola. A direção estima que, dos 1,5 mil alunos distribuídos em três turnos, 70% sejam moradores do Jardim União e da Vila Icaraí. Na tarde de ontem, duas alunas tinham pedido o cancelamento de matrícula.
"Aqui na escola tem policiamento ostensivo, mas o problema é quando eles precisam atravessar os trilhos do trem", disse a diretora da escola, Vera Lúcia Machado. Na sua opinião, é preciso rever a infraestrutura do bairro. Os alunos relatam que do outro lado não há iluminação suficiente.
A psicopedagoga Isabel Parolin lembra que a escola é um espaço protegido para crianças e adolescentes, que foi violado. Para ela, os sintomas percebidos nos alunos deixarão marcas. "É a hora da escola discutir e refletir com a comunidade sobre o problema". (AP)
-
Caminho do impeachment? Semelhanças e diferenças entre as brigas de Lula x Lira e Dilma x Cunha
-
Direita é maior que esquerda no Brasil, mas precisa se livrar do clientelismo
-
Comissão dos EUA que investiga relatos de censura no Brasil pede que Rumble entregue ordens do STF
-
“Nem a pau”, diz Moraes ao negar entrevista em Londres durante evento que barrou imprensa
Maternidade possibilita à mulher aprimorar virtudes ao deixar sentimento de culpa de lado
Decisões do TSE no relatório americano da censura foram tomadas após as eleições de 2022
Um guia sobre a censura e a perseguição contra a direita no Judiciário brasileiro
Afastar garantias individuais em decisões sigilosas é próprio de regimes autoritários
Deixe sua opinião