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Um grupo de 41 pessoas que estava na estação brasileira da Antártida onde ocorreu o incêndio desembarcou ontem, no Rio, em um avião militar: experiência traumática | Fotos: Antônio Scorza/AFP
Um grupo de 41 pessoas que estava na estação brasileira da Antártida onde ocorreu o incêndio desembarcou ontem, no Rio, em um avião militar: experiência traumática| Foto: Fotos: Antônio Scorza/AFP

Suspeita de falha elétrica

Frederico Cézar de Araújo, embaixador do Brasil no Chile

Pouco mais de 48 horas após o incêndio, como está a situação na estação brasileira na Antártida?

É praticamente impossível permanecer na Estação Comandante Ferraz. Por isso, monitoramos da estação chilena, que é bem próxima. Conseguimos retirar os pesquisadores, militares e funcionários que lá estavam e que já chegaram ao Brasil [cerca de 40 pessoas retornaram ontem]. Por ordem da presidente Dilma Rousseff, será reconstruída a base o mais rápido possível.

Já há informações sobre as causas do incêndio?

Um inquérito será aberto e conduzido pelo Ministério da Defesa. Mas há informações preliminares de que houve uma falha no sistema elétrico [na base brasileira de pesquisas científicas]. Ao que tudo indica, houve um defeito. Infelizmente, havia duas pessoas [que morreram] no local. Mas, por sorte, a maioria [cerca de 60] conseguiu se salvar.

A presidente Dilma destacou o heroísmo dos militares brasileiros. O suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos, ambos da Marinha, que morreram, receberão homenagens do governo?

Ainda nesta manhã [ontem] faremos uma homenagem aos dois militares, na base de pesquisas do Chile, de onde os corpos serão transportados pelo Hércules C-130 para o Brasil. Antes da partida, o suboficial e o sargento receberão nossas homenagens. A previsão é que o avião com os corpos chegue ao Brasil entre hoje [ontem] à noite e amanhã [hoje], tudo depende das condições do tempo.

Em meio à tragédia, o senhor disse que houve também muita solidariedade. Como?

Sem dúvida alguma. Houve apoio dos chilenos, argentinos, uruguaios e também dos poloneses e de um médico russo. Vou agradecer a todos em nome do Brasil. A solidariedade em situações como essa é fundamental. (Agência Brasil)

  • Com as mãos queimadas, o sargento Luciano Medeiros foi conduzido ao Hospital Marcílio Dias: estado de saúde dele é estável

Os dois militares mortos no incêndio da Estação Antártica Coman­dante Ferraz – o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos, 45 anos, e o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo, 47 anos – serão considerados pelo Ministério da Defesa "heróis nacionais" e as famílias, indenizadas.Ambos foram promovidos "post-mortem" a segundo-tenente e receberão a Ordem do Mérito da Defesa no grau de cavaleiro. O valor da indenização pode chegar a R$ 500 mil. Além desse dinheiro, os filhos em idade escolar receberão auxílio até o ingresso na universidade. Cada um dos dois tinha dois filhos. A proposta terá antes de passar pelo Congresso.

Os corpos dos dois militares chegam hoje ao Brasil e serão recebidos com uma cerimônia de honras militares, no Rio. O Ministério da Ciência e Tecnologia deverá indenizar em R$ 10 mil os pesquisadores que estavam na base para suprir perdas pessoais que ocorreram no incêndio.

O primeiro-tenente Pablo Tinoco, do Arsenal de Marinha, que desembarcou ontem na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, junto com outras 40 pessoas, entre pesquisadores e militares, disse que os dois morreram tentando debelar o fogo no foco do incêndio, perto da casa de máquinas, onde estavam os geradores de energia.

Segundo ele, os dois militares mortos usavam roupas adequadas, máscaras, galões de oxigênio e estavam com cordas amarradas no corpo, procedimento de segurança para serem puxados em caso de emergência. "Todos estavam preparados. No caso dos dois, como iam entrar, a roupa era diferenciada. Os procedimentos foram tomados. Cada um estava fazendo o que foi treinado para fazer. Ninguém tomou atitude insensata, que não tivesse sido delegada. Fizemos o que foi possível", declarou, emocionado.

"Depois que os dois demoraram a voltar, três tentaram entrar, mas a temperatura era alta demais. Quando o segundo tentou ir se arrastando, o comando determinou que não continuasse. Então o terceiro homem se agachou, o pegou pelo pé e o trouxe de volta. Verificou-se que não havia segurança. Ninguém passou do limite".

Tinoco elogiou muito o apoio de pesquisadores. "Na tentativa desesperada de captar água do lago para acabar com o incêndio, tivemos hipotermia. Foram os civis que ajudaram a sanar a hipotermia de um militar e as queimaduras do nosso amigo, o primeiro sargento Luciano Gomes Medeiros (que ficou ferido no incêndio)".

Com as mãos enfaixadas, Medeiros desembarcou de cadeira de rodas do avião e foi levado ao hospital naval Marcílio Dias. A Marinha informou que está prestando apoio às famílias dos militares mortos e do ferido.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que será feita uma investigação para saber o que houve na estação.

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Vida e Cidadania | 3:55

Quatro das cinco pesquisadoras da UFPR que estavam na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira destruída por um incêndio na madrugada de sábado (25), falam sobre o acidente e contam como foi o momento de retirada da estação.

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